Festival da Canção: Bicha, mas não tanto

Pormenor da performance de Povo Pequenino.

Ontem realizou-se a primeira semifinal do Festival da Canção e uma das bandas mais acarinhadas pelo público não passou à final. Falo obviamente dos Fado Bicha.

Gostos musicais à parte (e, pessoalmente, a canção Povo Pequenino estava entre as melhores das melhores), Lila Fadista e João Caçador, levaram ao palco promovido pela RTP a identidade mais descarada, orgulhosa e festivamente queer alguma vez lá vista. Maquilhagem, roupa e mensagem da canção foram porta-estandarte de um festival imensamente acarinhado pela comunidade LGBTI. E isto, obviamente, sem desprimor por outras figuras também elas de leitura queer no palco deste sábado passado.

Não sei ainda as razões que levaram a este resultado, talvez as expetativas tenham estado demasiado elevadas, talvez a nossa bolha de amizades não reflicta a real admiração pela banda. Mas não posso também deixar de me questionar se Portugal não estará ainda preparado para ser representado por duas pessoas tão afirmadamente queer, sem rodeios, sem meias palavras, orgulhosamente bichas. É caso para perguntar: Bicha, mas não tanto?

Escrevo estas palavras na véspera da segunda semi-final do Festival da Canção 2022 e creio que a única canção que pode ser tão ou mais disruptiva que a dos Fado Bicha pertence a Pongo e Tristany com “DÉGRÁ.DÊ”. Terá Portugal coragem para a levar à Eurovisão?


Ep.168 – Orgulho, Mudança de Género em Portugal, Pessoas Trans em risco no Texas e Estudos de Juventude LGBTI+ Dar Voz a esQrever: Notícias, Cultura e Opinião LGBTI 🎙🏳️‍🌈

O CENTÉSIMO SEXAGÉSIMO OITAVO episódio do Podcast Dar Voz A esQrever 🎙️🏳️‍🌈 é apresentado por nós, Pedro Carreira e Nuno Gonçalves. É o início do Mês do Orgulho e infelizmente nem toda a gente se rende às evidências científicas da felicidade de jovens e pessoas LGBTI. Falamos dos números da mudança de género em Portugal, da ameaça à saude das pessoas trans nos EUA e de um estudo que demonstra o quão vital é o apoio da família e da escola para a felicidade de jovens LGBTI+. No Dar Voz A… dizemos adeus a Succession e Ted Lasso. Artigos mencionados no episódio: Portugal: houve 519 mudanças de género e de nome em 2022, 146 por menores EUA: Texas proíbe cuidados de afirmação de género a menores trans Estudo mostra como o apoio da família e da escola são essenciais à felicidade de jovens LGBTQ+ Kieran Culkin aborda a sexualidade de Roman Roy em ‘Succession’ Num mundo onde o coming out ainda é escasso no futebol masculino, Ted Lasso trilha caminho para o Orgulho Jingle por Hélder Baptista 🎧 Este Podcast faz parte do movimento #LGBTPodcasters 🏳️‍🌈 Para participarem e enviar perguntas que queiram ver respondidas no podcast contactem-nos via Twitter e Instagram (@esqrever) e para o e-mail geral@esqrever.com. E nudes já agora, prometemos responder a essas com prioridade máxima. Podem deixar-nos mensagens de voz utilizando o seguinte link, aproveitem para nos fazer questões, contar-nos experiências e histórias de embalar: https://anchor.fm/esqrever/message 🗣 – Até já unicórnios https://pca.st/gn2lz94o
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Por Pedro Carreira

Ativista pelos Direitos Humanos na ILGA Portugal e na esQrever. Opinião expressa a título individual. Instagram/Twitter/TikTok/Mastodon: @pedrojdoc

6 comentários

  1. É uma questão muito relevante. Na música popular tende a ‘aceitar-se’ muitas vezes atuações mais queer (e por ‘mais queer’ refiro-me a esse lado de afirmação sem rodeios que te referes) porque são enquadradas em outras referências mainstream menos chocantes. Acontece que, e esta é uma opinião pessoal, se a atuação for demasiado disruptiva os processos de identificação ficam limitados aos que se revêm e acreditam estar a ser representados. Fado Bicha É realmente muito bicha para a camioneta de muita gente… Não deixa de ser curioso que, no ano em que se celebram os 40 anos da despenalização da homossexualidade, surja mais uma demonstração claríssima daquilo que acredito firmemente: apesar da diferença já não ser um crime, é tolerada na sociedade portuguesa até um certo limite, limite esse que a banda ultrapassa a todos os níveis.

    1. Pedro Carreira – Portugal – Ativista pelos Direitos Humanos na ILGA Portugal e na esQrever. Opinião expressa a título individual. Instagram/Twitter/TikTok/Mastodon: @pedrojdoc
      Pedro Carreira diz:

      Pois, a disrupção pode ter sido além do “tolerado” 🥲 Venha agora a Degradê que pode ser que corra melhor e seja mais consensual (embora agora tenha maiores dúvidas quanto a isso) 🙌

    1. Pedro Carreira – Portugal – Ativista pelos Direitos Humanos na ILGA Portugal e na esQrever. Opinião expressa a título individual. Instagram/Twitter/TikTok/Mastodon: @pedrojdoc
      Pedro Carreira diz:

      Num tema tão subjetivo como as artes, acima de tudo procuro questionar o que vejo e sinto.

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