As vidas importam

Imagem por Thomas Allsop.

O movimento Black Lives Matters (As vidas negras importam) impulsionou e trouxe visibilidade para a luta contra o racismo ao redor do mundo. Embora seja uma batalha antiga, casos mediáticos como o de George Floyd, apenas flagram aquilo que é o comum no nosso sistema social. Mais uma vida foi retirada, no qual o ódio/racismo estrutural incutido na nossa sociedade aprisiona e condena as pessoas negras.

A força violenta e abusiva das autoridades de segurança é apenas uma extensão da estrutura que nega a liberdade das minorias.
Preferimos acreditar que o racismo não existe no nosso meio, que não seríamos racistas e que jamais poderíamos ser coniventes com tal conduta.

Observemos um caso recente, no qual a atriz brasileira Giovana Ewbank e o seu marido, o ator Bruno Gagliasso, ficaram expostos a uma situação inadmissível. Os filhos foram vítimas flagrantes de um crime de ódio, tipicamente conduzido pelo racismo. Como se não bastasse o constrangimento, a agressora saiu impune (até à data) da delegacia de polícia, alegando estar alcoolizada. Se o motivo é de facto o alcoolismo, porque não foi apresentado um plano para recuperação da alegada patologia? Talvez uma nota de pesar, no mínimo, não lhe ficasse nada mal. Ainda que não seja o suficiente, face ao comportamento insultuoso… Mas, nem isso!

De acordo com o Artigo 1o, presente na Lei 93/2017, de 23 de agosto: “A presente lei estabelece o regime jurídico da prevenção, da proibição e do combate a qualquer forma de discriminação em razão da origem racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendência e território de origem.”

Isto significa que, a despeito de termos uma legislação em vigor, que em teoria protege a todxs nós, na prática tem ficado muito aquém do seu cumprimento. “Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser anti-racista.” – Angela Davis.

Falamos do combate ao racismo, como poderíamos falar de tantas outras minorias, como os direitos LGBTQIA+. Diariamente, pessoas que estão à margem do padrão hétero-cis-normativo são vítimas de ataques violentos, desde o mais sutil ao mais bárbaro crime de ódio. As piadas, as chacotas e o bullying são eventos aceitáveis no nosso quotidiano. O cabelo, a roupa e todas as formas de expressão são arquétipos clássicos que marcam a diferença. Sim, desde cedo aprendemos que a cor azul está destinada aos meninos e a cor rosa é exclusiva das meninas.
Ainda antes de virmos ao mundo, o anúncio do sexo da criança é algo fortemente esperado e celebrado.
Se a criança for intersexo, como irá ser? Caso seja trans e/ou não se identificar com o formato binário atribuído? Talvez seja hora de revermos toda a nossa conduta, pois cada qual tem o direito a manifestar a sua própria individualidade, sem corresponder a expetativas, sejam dos progenitores ou não.

Podemos presenciar professorxs universitárixs a debochar do aluno gay ou trans que se manifesta na sala de aula. Não raro assistimos a episódios clássicos de LGBTQIA+Fobia, os quais frequentemente provocam traumas, podendo originar homicídios e/ou suicídios.

Todxs nós somos responsáveis e temos um papel fundamental que poderá intervir e fazer a diferença, em qualquer situação semelhante das quais acima foram citadas. “Todos os jovens, independentemente da sua orientação sexual ou identidade, merecem um ambiente seguro e solidário para que possam atingir todo o seu potencial” – Harvey Milk. (Continua num próximo artigo…)

Por fdiniz

Fábio Diniz é um militante político, defensor do progresso social e do direito à vida para todas as espécies do ecossistema planetário. É estudante na Universidade da Madeira e regularmente escreve, em colaboração com outras plataformas, como a Tribuna da Madeira. Facebook / Instagram: @fabiodiniz.85

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