25 de novembro: Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra (todas) as Mulheres

25 de novembro: Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra (todas) as Mulheres

Assinala-se a 25 de novembro o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Contra todas as Mulheres, explicitamos.

A Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, que abrange 95% território nacional, incluindo respostas especializadas de atendimento e acolhimento. A violência contra as mulheres e a violência doméstica é crime público e uma responsabilidade coletiva. A CIG – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género – disponibiliza vários contactos de apoio e denúncia: 800 202 148 ou SMS para o 3060. É uma linha gratuita, funciona 7 dias por semana, 24 horas por dia. A CIG tem ainda em funcionamento um serviço de correio eletrónico para colocar questões, pedidos de apoio e de suporte emocional: violencia@cig.gov.pt. Também é possível participar situações de violência doméstica à GNR, à PSP directamente no Portal Queixa Eletrónica.

São inúmeros os eventos e marchas que irão assinalar o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres pelo país. Entre eles, destacamos:

Lisboa: MULHERES, VIDA, LIBERDADE!

18h00 – Marcha no Largo do Intendente (Lisboa) e até ao Rossio

Marcha pelo Fim da Violência contra as Mulheres

Em diferentes pontos do mundo as mulheres lutam pelo fim da violência machista. Do Irão chegam-nos as poderosas palavras de ordem curdas Mulher, Vida, Liberdade. O assassinato de Mahsa Amini acendeu os protestos nas ruas contra a violência do Estado teocrático. Em vários países, como também é o caso do Afeganistão, as mulheres, as pessoas LGBTI+ e as minorias étnicas pedem que o mundo não se cale sobre a sua resistência frente à opressão. Esta luta pelo direito ao corpo, à integridade física e psicológica não se limita a uma região do globo, nem segue a mesma linha temporal. Na Polónia e nos Estados Unidos da América, as mulheres enfrentam o retrocesso no direito ao aborto. Na Índia, no Benim e na Argentina foram alcançados avanços, com diferentes graus, no direito das mulheres a decidirem sobre o seu corpo e a sua reprodução. Estamos juntas para que nenhuma fique para trás!

Em Portugal os alarmes tocaram recentemente quando um juiz machista se tornou candidato ao Tribunal Constitucional. E o movimento feminista manifestou-se, não podíamos ficar indiferentes. Na luta contra a violência patriarcal nenhum direito está a salvo de retrocessos. Na marcha pela nossa vida e pela nossa liberdade reafirmamos e defendemos direitos conquistados, e lutamos por causas que estão para lá das conquistas legais. Continuamos a ter machismo, homofobia e transfobia dentro e fora de casa, nas ruas, nas escolas, nos serviços públicos e no trabalho. Somos iguais na letra da lei, mas continuamos a ter sentenças machistas nos tribunais, desproteção no parto, assédio no desporto, na escola e no trabalho. Estas violências multiplicam-se no desrespeito pela vida e autodeterminação das mulheres racializadas, das mulheres trans, das mulheres pobres, das trabalhadoras do sexo, das mulheres com deficiência, das mulheres estrangeiras, das mulheres lésbicas e bissexuais.

Temos todas as razões do mundo para sair às ruas e exigir em Portugal e em todo o mundo o nosso direito à Vida e à Liberdade. O machismo agride e mata. Falando apenas nos casos mais brutais, no ano passado, houve 374 denúncias por violação de mulheres em Portugal. É mais de uma mulher por dia, sem contar com os casos que ficam em silêncio. A violência doméstica por parte de companheiros e ex-companheiros continua a ser uma chaga social. Só no ano passado registaram-se mais de 26 mil mulheres vítimas de violência doméstica. E ainda o ano não terminou, e já temos notícia de mais de 20 mulheres assassinadas. Cada uma delas e cada uma de nós conta.

Saímos à rua por todas! Lutamos juntas!

Mulheres, Vida, Liberdade!

Organização da marcha:

  • A Coletiva
  • As Feministas.pt
  • APDMGP – Associação pelos Direitos das Mulheres na Gravidez e no Parto
  • ANIMAR
  • Baque Mulher
  • Casa do Brasil
  • Clube Safo
  • FEM – Feministas em Movimento
  • GAT – Grupo de Ativistas em Tratamentos
  • HeForShe ULisboa
  • Igualdade.pt
  • ILGA Portugal
  • Insurgentes
  • Manas
  • Movimento contra o Assédio no Meio Académico de Lisboa
  • Movimento dxs Trabalhadorxs do Sexo
  • Núcleo Feminista FDUL
  • Panteras Rosa
  • Por Todas Nós
  • QueerIST
  • UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta

Viseu: Plataforma Já Marchavas

18 horas, no Rossio (Viseu)

MANIFESTO 25 DE NOVEMBRO 2022
Desde 1999 que o dia 25 de novembro se declara como o “Dia Internacional pela Eliminação de Todas as Formas de Violência Contra as Mulheres”. Este é também um dia de luto, de luta, de resistência, de combate às opressões de género, às opressões económicas, às opressões sociais, às opressões de etnia, nacionalidade, orientação sexual, identidade de género e outras.

Em todo o mundo, todos os dias, milhares de mulheres e raparigas são vítimas de algum tipo de violência e de violações reiteradas dos seus direitos humanos, e Portugal não é exceção.

Vivemos num país que continua também ele resistente à mudança, e no qual, apesar da luta e do empenho de associações, ativistas, alguns partidos políticos, e de medidas governamentais que alertam e sensibilizam para o flagelo da violência doméstica e da violência de género, se continua a deparar todos os anos com números assustadores de mulheres que continuam a morrer às mãos dos seus companheiros, ex-companheiros, maridos, ex-maridos, namorados, ex-namorados e outros agressores.

Só no primeiro semestre do ano foram assassinadas 19 mulheres e meninas em Portugal. Destas mortes e com um aumento de nove crimes em relação ao ano passado, 16 foram femicídios, e quando falamos em femicídios, referimo-nos a todas as mortes intencionais de mulheres relacionadas com questões de género… a todas as mortes intencionais de MULHERES POR SEREM MULHERES!

As relações abusivas que se consubstanciam no crime de violência doméstica, a violação e outras agressões sexuais, os casamentos forçados, a mutilação genital, o assédio sexual, o assédio moral em contexto laboral, entre outros crimes, continuam a ser desvalorizados e a violência tende a ser normalizada e até legitimada por uma sociedade que insiste em fechar os olhos, em calar, em silenciar…

Em 2022, voltamos a marcar presença, a ocupar a rua, a lutar, a dar voz a todas as mulheres que vivem silenciadas e às que nunca mais poderão sair desse silêncio.

Erguemos as nossas vozes bem altas e em uníssono:

  • Pelo fim das mortes resultantes de violência praticada nas relações de intimidade;
  • Pelo fim da tortura e violência letal misógina de mulheres;
  • Pelo fim das mortes de mulheres e raparigas em nome da “honra”;
  • Pelo fim da violência contra mulheres e raparigas no contexto de conflitos armados;
  • Pelo fim da eliminação de mulheres por causa do dote;
  • Pelo fim da violência sobre mulheres e raparigas por causa da sua orientação sexual e identidade de género;
  • Pelo fim do infanticídio feminino e feticídio por seleção sexual baseada no género;
  • Pelo fim do assédio moral e sexual em contexto laboral;
  • Pelo fim das práticas que constituem violência obstétrica;
  • Pelo fim de TODAS AS FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES!

O combate à violência contra as mulheres é duro, e é responsabilidade de todas as pessoas. Exige um esforço concertado para que a sociedade onde vivemos corte com as suas raízes patriarcais, e se indigne com atitudes machistas, que se manifestam não só através da morte, mas também, através de micro agressões nas mais variadas situações do quotidiano das mulheres.

Neste 25 de novembro, à semelhança dos anos anteriores, a Plataforma Já Marchavas sai à rua contra uma sociedade machista, sexista, racista, homofóbica, transfóbica e patriarcal, lembrando que esta luta não pode ter tréguas e que esta é uma batalha conjunta.


Imagem pela rede 8M

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