A pioneira jornalista estadunidense Barbara Walters faleceu na sua casa em Nova Iorque, aos 93 anos. Dos inúmeros prémios que recebeu durante a sua carreira, houve um que destacou com orgulho e carinho: o da GLAAD pelo seu especial “20/20” de 2007 sobre crianças trans.
“Barbara era uma verdadeira lenda, uma pioneira não só para as mulheres no jornalismo, mas para o próprio jornalismo. Foi uma repórter única no seu campo e conseguiu muitas das entrevistas mais importantes do nosso tempo“, disse Bob Iger, responsável da Disney/ABC.
A carreira pioneira de Barbara Walters começou quando ela se tornou a primeira co-apresentadora do The Today Show em 1962. Em 1976, Walters fez história mais uma vez ao tornar-se na primeira co-apresentadora de um noticiário noturno da ABC . Evening News. A sua crescente popularidade rendeu-lhe por fim um lugar no aclamado programa 20/20 que apresentou desde 1984.
Foi precisamente em 20/20 que Walters recebeu o prémio que se destaca entre os inúmeros que recebeu durante a carreira. Concedido pela GLAAD, uma organização pela defesa das pessoas LGBT+ nos orgãos de comunicação social, pelo seu inovador especial “20/20” de 2007 sobre crianças trans.
Nesse especial, intitulado “My Secret Self: A Story of Transgender Children”, Walters entrevista Jazz Jennings, de seis anos, que se tornou uma ativista trans com sua própria série de documentários “I am Jazz”.
Ao aceitar, Walters disse : “Podem esquecer todos os Emmys. Isso significa mais para mim.”
Barbara Walters soube assumir os erros quando questionava sobre a sexualidade
Uma carreira tão longa e prolífera não acontece sem percalços, mas também nessas situações Barbara Walters soube pedir desculpas. O popular cantor Ricky Martin disse que se sentiu “violado” pela questões que Walters lhe colocou em 2000. Em plena entrevista, Walters disse a Martin que poderia “parar esses rumores” sobre a sua sexualidade, convidando-o a sair do armário. Martin recusou educadamente: “Barbara, por algum motivo, simplesmente não estou com vontade.”
Em 2006, Barbara Walters confirmou que se arrependera da maneira como interrogou Martin: “pressionei imenso o Ricky Martin para admitir se ele era gay ou não, e a maneira como ele se recusou a fazê-lo fez com que toda a gente dissesse que ele era“. disse. “Muitas pessoas dizem que isso destruiu a sua carreira, e quando penso nisso agora, sinto que foi uma pergunta inadequada”, confessou a jornalista.
Tanto no caso de Martin como de outras pessoas, Walters chamou esses seus momentos de “dolorosos” de assistir e admitiu que esse tipo de questionamento foi um dos grandes erros de sua carreira. “A menos que alguém seja abertamente gay e feliz em falar sobre isso, não é da conta de ninguém – inclusive da minha”.
Walters foi também uma das criadora de “The View”, um talk show com um painel exclusivo de mulheres que estreou em 1997 e continua até aos dias de hoje. Ela co-organizou o programa até se reformar em 2013.