“Os direitos LGBT em Portugal: Avanços e desafios” (ou como o ChatGPT escreveu primeiro aqui um artigo)

Resultado para o comando “LGBT person at the top of a globe with a rainbow”

Depois de ver pelos meus próprios olhos, não duvidei que o ChatGPT não hesitasse sequer a escrever sobre os direitos LGBT em Portugal. Mas muitas outras questões surgiram sobre as suas qualidades e perigos.

Mas o que é, afinal o ChatGPT? Lançado em novembro de 2022, é um protótipo de um chatbot desenvolvido pela OpenAI, especializado em diálogo natural e comandado por inteligência artificial. O software tem chamado a atenção devido às suas respostas detalhadas e articuladas, mas a confiança nas informações dadas tem sido questionada.

Nesta exploração, a parte técnica é bastante simples e acessível. Vejamos:

O ChatGPT, da OpenAI, criou o seguinte texto sobre os comandos “escreve um artigo sobre os direitos LGBT em Portugal” + “termina o artigo, por favor“. O título foi igualmente selecionado através do comando “que título darias a esse artigo?

Já a imagem acima, pela DeepAI, é o resultado do comando “LGBT person at the top of a globe with a rainbow“.

Tudo o que foi escrito neste início foi da minha autoria (juro), mas o que está apresentado de seguida sobre os direitos das pessoas LGBT em Portugal surgiu da inteligência artificial do ChatGPT (alterei unicamente alguns acentos em palavras com grafia do Brasil).

No final farei um pequeno comentário.

Eis o texto criado pelo ChatGPT sobre direitos LGBT em Portugal

Os direitos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e intersexuais) em Portugal têm sido amplamente expandidos nos últimos anos, graças a uma série de leis e reformas políticas.

Em 2010, Portugal foi um dos primeiros países da Europa a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Esta lei foi amplamente apoiada pelo governo e pelo público em geral, e permitiu que as pessoas LGBT se casassem e tivessem os mesmos direitos e deveres que os casais héteros. Além disso, a lei também permitiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo em consulados portugueses no exterior, o que foi uma vitória significativa para os direitos LGBT em países onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda não é permitido.

Em 2016, Portugal também legalizou a mudança de género sem a necessidade de cirurgia ou tratamento hormonal. Isso significa que as pessoas transgénero podem alterar seus documentos de identidade para refletir sua identidade de género verdadeira sem a necessidade de passar por procedimentos médicos invasivos.

Além disso, Portugal também tem leis que protegem as pessoas LGBT de discriminação no local de trabalho e na sociedade em geral. As pessoas LGBT não podem ser demitidas ou discriminadas em função de sua orientação sexual ou identidade de género, e as empresas são incentivadas a criar ambientes de trabalho inclusivos para todos os funcionários.

No entanto, ainda existem desafios para a comunidade LGBT em Portugal. A violência e o assédio contra pessoas LGBT ainda são problemas comuns, e muitas pessoas LGBT ainda enfrentam discriminação e estigma social. Além disso, as pessoas transgénero ainda enfrentam dificuldades para acessar serviços de saúde adequados e tratamento respeitoso, e muitas vezes são excluídas da sociedade.

Para abordar esses problemas, muitas organizações de direitos LGBT estão trabalhando para promover a aceitação e a igualdade para todas as pessoas, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de género. Essas organizações estão trabalhando para sensibilizar a sociedade sobre os direitos LGBT e promover políticas que protejam e defendam os direitos dessa comunidade.

Enquanto Portugal tem feito avanços significativos na ampliação dos direitos LGBT, ainda há muito trabalho a ser feito para garantir a igualdade e o respeito plenos para essa comunidade. No entanto, com a continuidade do apoio político e da luta das organizações de direitos LGBT, é provável que os direitos LGBT continuem a se expandir e a ser protegidos em Portugal. É importante continuar a lutar por uma sociedade mais inclusiva e igualitária para todas as pessoas, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de género.

O que significa este avanço na criação de conteúdo via inteligência artificial?

Tanto pessoas criadoras de conteúdo escrito como visual têm sido colocadas à prova um pouco por toda a internet. Por vezes de forma literal, outras de forma filosófica. Afinal, quem beneficia do mérito e dos direitos da autoria das obras criadas por esta avançada inteligência artificial? E sobre estas entidades, que caminho falta percorrer até alcançarem a própria consciência? Em que medida isso afeta a nossa compreensão da consciência e da inteligência?

Apesar das suas limitações (a informação recolhida data de até 2021, o que nos dias de hoje pode restringir imensamente a informação atualizada de que dispõe), esta é uma ferramenta com potencial. Por exemplo, na deteção de erros de código de programação. Mas também traz alguns problemas pelo caminho. Há universidades que estão a regressar à caneta e ao papel, após detetarem estudantes que usaram a inteligência artificial para escrever os seus trabalhos. Este é um tremendo desafio para o futuro.

Entenda-se que o ChatGPT é treinado com grandes quantidades de texto da Internet e, assim, pode replicar os preconceitos e as ideias erradas presentes nesses dados. Para já, no que toca aos direitos LGBT em Portugal, e ainda que de uma forma genérica, o tom parece correto.

É, portanto, importante ter cuidado ao utilizar o ChatGPT e ter em mente que as suas respostas podem não ser precisas ou apropriadas em todas as situações. É apenas um modelo de linguagem treinado para gerar texto baseado nas informações que lhe são fornecidas. Caberá a quem usar estas ferramentas editar e emendar erros que surjam nas respostas recebidas. Dar-lhe alma, pelo menos para já. É esta a responsabilidade final da pessoa? E por quanto tempo? Como poderão ser utilizados estes softwares de forma responsável e ética e quais serão os seus possíveis impactos na sociedade num futuro próximo? Como podemos evitar que propaguem desinformação e discurso de ódio?

Mas a questão final que coloco – e nem sei ainda se ela diz mais de mim do que da inteligência artificial – é: “consegues detetar todas as partes escritas pelo ChatGPT nestes últimos parágrafos?

Por Pedro Carreira

Ativista pelos Direitos Humanos na ILGA Portugal e na esQrever. Opinião expressa a título individual. Instagram/Twitter/TikTok/Mastodon/Bluesky: @pedrojdoc

Deixa uma respostaCancel reply

Exit mobile version
%%footer%%