Quebrar O Silêncio: Vítimas de abusos sexuais estão em crise

Fotografia por Gabriel

As notícias relacionadas com os abusos sexuais na igreja estão a deixar vítimas em crise, avisa a associação Quebrar o Silêncio. A mesma registou, esta semana, um aumento dos pedidos de apoio relacionados com os casos de abuso sexual no contexto da igreja. “São homens que foram vítimas de violência sexual na infância e que não conseguem ter um momento de paz, pois são constantemente confrontados com notícias de abuso sexual”. Vivem assim “um constante reviver das suas próprias histórias”, refere Ângelo Fernandes, fundador da associação.

Estes são momentos muito difíceis de gerir devido à enorme exposição mediática. Observamos a intensificação das consequências geradas pelo trauma do abuso sexual, como o aumento de pensamentos e memórias indesejadas do abuso, flashbacks, aumento da ansiedade, angústia e tristeza, entre outras”, afirma. Dada a exposição deste tema, não há fuga fácil. “Mesmo quando as vítimas decidem não ver mais notícias“, o tema persiste “em contexto do seu trabalho ou mesmo nas suas próprias casas.”

Reforçar o apoio disponível para as vítimas de abusos sexuais

Para combater esta situação e para que nenhuma vítima fique sem apoio, a Quebrar o Silêncio apela a que se sejam colocados os contactos das organizações de apoio especializado às vítimas de violência sexual nas notícias sobre abusos sexuais. A inclusão destes contactos é fundamental para que as vítimas possam evitar viver estes momentos especialmente desafiantes isoladas. Através desses contactos, as vítimas terão “a oportunidade de dar o primeiro passo para procurarem ajuda, quando se sentirem preparadas.” avança Ângelo Fernandes.

Aumento da prescrição dos crimes sexuais

Em 2021, a Quebrar o Silêncio e a Associação de Mulheres Contra a Violência colaboraram na redação de uma proposta para aumentar o prazo de prescrição dos crimes sexuais contra crianças. As organizações pretendiam alargar o prazo da prescrição para 15 anos após a vítima atingir os 35 anos de idade, ou seja, até aos 50 anos. A proposta foi aprovada na Assembleia da República em outubro de 2021, mas o processo legislativo acabou por ele próprio prescrever com a queda do anterior Governo.

A associação acredita que esta é uma nova oportunidade para fazer progredir a lei portuguesa em conformidade com vários países que têm avançado nestas matérias, como o Reino Unido, Islândia ou Alemanha.

Em Portugal, o prazo é de apenas 5 anos após a vítima menor atingir a maioridade. Ou seja, apenas até aos 23 anos de idade numa realidade em que as vítimas podem levar décadas a pedir ajuda. “Se considerarmos que a maioria das pessoas abusadas sexualmente na infância demora mais de 20 ou 30 anos a partilhar a sua história de abuso, este prazo não é suficiente e não respeita o tempo das vítimas.”

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)

Linha de apoio: 910 846 589 
Email: apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência – AMCV

Linha de apoio: 213 802 165 
Email: ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação – EIR UMAR

Linha de apoio: 914 736 078 
Email: eir.centro@gmail.com

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