World Athletics exclui atletas trans das provas femininas de atletismo: “Não estamos a dizer ‘não’ para sempre”

Fotografia de Steven Lelham

A World Athletics decidiu excluir todas as atletas trans das provas femininas de atletismo que tenham passado pela puberdade.

A entidade máxima do atletismo a nível mundial assim decidiu “para proteger as categorias femininas do nosso desporto e fazê-lo através da restrição da participação das atletas transgénero”. Sebastian Coe, presidente do organismo, acrescentou que a medida entra em vigor a partir do próximo dia 31 de março. Este é, precisamente, o Dia da Visibilidade Trans.

A decisão de excluir mulheres trans surge após uma consulta que incluiu 40 federações, atletas e organizações trans.

Foi também anunciada a criação de um grupo de trabalho que, durante 12 meses, vai estudar e considerar a inclusão de atletas trans no atletismo. “Não estamos a dizer ‘não’ para sempre”, garante Coe. “Vamos guiar-nos pela ciência à volta da performance física e da vantagem masculina, que vai inevitavelmente desenvolver-se nos próximos anos. À medida que existam mais dados disponíveis, vamos rever a nossa posição.

A organização também cortou para metade o limite de testosterona permitido nas atletas com valores hormonais fora do normal — uma medida que vai afetar atletas como Caster Semenya, a bicampeã olímpica dos 800 metros que luta pela integração das mulheres com valores de testosterona acima da média. Também duas velocistas da Namíbia, Christine Mboma e Beatrice Masilingiforam proibidas de correr nos 400 metros nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Uma luta de décadas

Esta é uma luta que dura há décadas. Ainda em 2022, o Comité Olímpico Internacional (COI) emitiu atualização considerada ‘monumental’ das diretrizes para atletas trans.“ Esta sinalizou “uma mudança monumental no modus operandi para unir ciência, medicina, justiça e direitos humanos”. O Comité deixou de considerar os níveis de testosterona o fator mais importante para autorizar mulheres, trans e cis, a competir.

No entanto, o COI encorajou as federações desportivas a definir as suas próprias regras. Como resultado, algumas introduziram regras rígidas que proíbem efetivamente as mulheres trans de competir, como no rugby. Na natação, a FINA apostou na segregação de atletas.

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