O mundo continua a girar, é o que dizem. Há dias, em que parece que gira para o lado errado. A minha pele, que perdeu a couraça, que está cada vez mais sensível (ao contrário do que seria expectável), sente-se ferida. Onde está a proteção que preciso? As notícias que me chegam do Uganda, dos… Continue a ler Elogio à vizinhança
Autoria: ana vicente
Sobre Ana Vicente
Ana Vicente é uma mulher lésbica, feminista e ativista pelos direitos LGBTIQ+.
Nasceu em 1977 em Lisboa, cidade que habitou a maior parte da sua vida adulta, antes de se render à vida do campo na zona Oeste. Licenciou-se em Filosofia, que equilibra ouvindo canções dos ABBA.
É copywriter e estratega de comunicação na ana ana, da qual é sócia-gerente (podem adivinhar o nome da outra sócia).
É voluntária da ILGA Portugal desde 2015 e colabora com outras associações e movimentos ativistas sempre que pode e/ou é convocada.
Escreve há vários anos para o projeto esQrever. Escreve há vários anos. Escreve.
Lobo e Cão – o filme queer português que se quer (ou que eu queria)
Há um momento no filme “Lobo e Cão” em que Ana, a protagonista, pergunta ao padre da sua paróquia: “É pecado querer?” Com esta pergunta, lança-se a centelha para iluminar aquela personagem e também a nossa passagem por este filme e por estas vidas. Somos testemunhas de um querer inquieto, desalinhado, reprimido, mas imparável. Um… Continue a ler Lobo e Cão – o filme queer português que se quer (ou que eu queria)
Se um dia um homem cis branco hétero não dissesse nada
Perante as coisas que se têm escrito na imprensa nos últimos dias por pessoas que supostamente um dia se terão dito aliadas, não vale argumentar. Seria ofensivo para todas as pessoas que essas palavras maltratam e desrespeitam, seria validar o bullying como opinião. Não gosto de escrever zangada. Não só mexe comigo, como pode fazer-me… Continue a ler Se um dia um homem cis branco hétero não dissesse nada
Larguem os (nossos) corpos
Quase dois terços (64%) das mulheres inquiridas no estudo “Dove – Body Shaming”, divulgado nos últimos dias, “afirmam ser ou ter sido alvo de comentários depreciativos ou insultos sobre o seu corpo, em especial por parte dos amigos, familiares e conhecidos.” Quem nunca?, apetece perguntar. De tal modo que até apetece dizer que o terço… Continue a ler Larguem os (nossos) corpos
Está tempo para temporais
Há dez anos e 1 dia, publiquei online o conto “in_temporal_2012”. Hoje, 26 de abril de 2022, no Dia da Visibilidade Lésbica, decidi voltar a olhar para o texto para ver se ainda fazia sentido e quanto de “temporal” havia nele. O conto parte desse conflito tão atual com o efémero e, salvo alguns apontamentos… Continue a ler Está tempo para temporais
Lisboa é nossa
Apesar de já não viver em Lisboa, esta é ainda a minha cidade e a minha terra. Por isso, após estas eleições autárquicas, a perda da Câmara para a direita custa-me tremendamente. Por várias razões, que sintetizo assim: o retrocesso que isso significará a todos os níveis, com destaque para a mobilidade, sustentabilidade, direitos sociais… Continue a ler Lisboa é nossa
Gretas, rachas e outras aberturas
Tive uma conversa muito interessante que faz todo o sentido partilhar convosco. Sobre nós, enquanto pessoas feministas e ativistas, sobre livros, leituras, sobre espaços, portas e aberturas de mentalidade e, vá, sobre vulvas! Lorena Travassos, luso-brasileira a residir em Lisboa há vários anos, criou a Greta – Livraria feminista e a nossa conversa começou logo… Continue a ler Gretas, rachas e outras aberturas
Marchar? Marchar!
Hoje não marchamos a Avenida. A única alternativa? Marchar sempre. Mais de um ano de frustração levada ao pico por uma decisão (responsável e difícil) de última hora de cancelar a marcha, que nos deixa, pelo segundo ano consecutivo, sem aquele que é um dos momentos mais importantes da nossa luta e do nosso orgulho.… Continue a ler Marchar? Marchar!
Não, não está tudo bem!
26 de abril – Dia da Visibilidade Lésbica
Vozes a crescer
Pensando nas crias adolescentes que me rodeiam, que bom que é que possam ver que não temos, enquanto mulheres ou enquanto pessoas excluídas, de resignar-nos ao silêncio, à invisibilidade ou à violência. As raparigas continuam a ser julgadas e avaliadas pelos seus corpos, continuam a ser objetificadas, retiradas de um lugar de afirmação e poder – pior ainda continuam a fazer isso a si mesmas. Com filmes de adolescentes assim, talvez possam olhar-se de outra forma, exigir mais à sociedade para elas.