Combina Comigo

Duas marcas japonesas, uma de bebidas e outra de snacks e bolachas, criaram uma linha de produtos, chamada Pocky cujo packaging especial provocou aplausos junto da comunidade LGBT do Japão.

Com uma materialização gráfica e ilustrativa interessantes, criaram um conceito de combinação de produtos – para beber esta bebida, estes biscoitos é que sabem bem – que estimula a que consumidores/as comprem sempre em par. As diferentes embalagens combinam entre si, juntando pares à medida do nosso gosto e também do nosso gosto. E assim, construíram um nova forma de comunicar muito mais inclusiva e em que, ainda por cima, cada um/a tem a possibilidade de escolher aquilo que mais satisfaz.

Inclusivo pois então: temos beijos na boca, temos beijos na cara e na testa, temos um bolo de aniversário – com as combinações que quisermos – homem/homem, mulher/mulher, homem/mulher, mulher/homem.

[clicar nas imagens para ver os originais]

Mais uma vez, as marcas, e o capitalismo em geral, começam a integrar nos seus produtos, nos seus serviços, na sua comunicação, uma perspetiva mais ampla que a clássica e normativa. Mais uma vez podem representar um passo para a banalização das relações fora da heteronormatividade e, assim, assegurarem um novo palco para a visibilidade LGBT. Passa a ser tão visível como um pacote de bolachas num linear de supermercado. E, enchendo o carrinho das compras, também se enche a casa de outras coisas que a mudam por dentro, assim como as pessoas nela – inspirando novas conversas, outros olhares, surpresas simples.

Anti-capitalistas apaixonad@s por comunicação, como eu, sofrem de diversos sintomas de angústia quando confrontad@s com um certo nível de aperfeiçoamento do sistema, mas os suores frios passam depressa. O reconhecimento de um público sensível a este tipo de produtos e conceitos comerciais só demonstra como o mundo está a mudar. E a arma mais extravagante da luta continua a ser a mesma da oposição.

Projetos de visibilidade, com fins comerciais ou não, com este grau de inteligência devem ser aplaudidos pelas comunidades, a LGBT e/ou a d@s designers/comunicação.

Neste caso, é uma simbiose perfeita para mim. Combina mesmo bem comigo, lésbica e estratega de comunicação.

Fonte: Bored Panda.

Por ana vicente

Sobre Ana Vicente Ana Vicente é uma mulher lésbica, feminista e ativista pelos direitos LGBTIQ+. Nasceu em 1977 em Lisboa, cidade que habitou a maior parte da sua vida adulta, antes de se render à vida do campo na zona Oeste. Licenciou-se em Filosofia, que equilibra ouvindo canções dos ABBA. É copywriter e estratega de comunicação na ana ana, da qual é sócia-gerente (podem adivinhar o nome da outra sócia). É voluntária da ILGA Portugal desde 2015 e colabora com outras associações e movimentos ativistas sempre que pode e/ou é convocada. Escreve há vários anos para o projeto esQrever. Escreve há vários anos. Escreve.

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