set de 7 #11

FYFE é o nome artístico de Paul Dixon, e é também a sua segunda encarnação musical, uma vez que no período 2010-2012 foi conhecido musicalmente como David’s Lyre, numa referência histórica às habilidades musicais do bíblico rei David com a lira. Este inglês adota um estilo que combina folk com sons eletrónicos, uma tendência que parece vir a tornar-se cada vez mais presente no momento atual e que o aproxima bastante do universo indie pop. A música de hoje é uma das recentes amostras do seu mais recente álbum enquanto FYFE, “The space between”, que será lançado em junho próximo, e que sucede a “Control”, de 2015, e onde surge acompanhado de uma das artistas com vozes mais interessantes do panorama musical atual, Kimbra.

Monogem é o nome que Jen Hirsh utiliza para assinar as suas criações musicais, geralmente imbuídas de melodias suaves mas vivas, num estilo electro-pop que por vezes se aproxima do soul, muito à custa da sua voz. De acordo com a própria, a escolha deste nome artístico deve-se ao seu significado: um “monogem ring” consiste num resto de uma supernova, o brilho que permanece após a explosão de uma estrela, um ideal romântico e fascinante a perseguir por uma artista. A música de hoje faz parte do seu segundo EP, “100%”, a ser lançado em breve.

Ängie espelha-se na sua música: uma inocência aparente que entrega realidades duras. As músicas que lançou até agora, e foram apenas três, têm temas recorrentes que passariam despercebidos numa audição menos atenta das suas letras – na verdade, o som das baladas quase hipnóticas aborda temas como consumo de marijuana e sexo oral – o que não poderia ser tornado mais óbvio no título de uma das suas canções, “Smoke weed Eat pussy”. Com uma adolescência marcada por hiperatividade, depressão e tendências suicidas, entre relações amorosas complexas que a levaram a conhecer homofobia em primeira mão (a sua primeira paixão foi uma mulher, que levou a que fosse ostracizada pelo seu círculo social) e um ambiente familiar marcado por histórias de alcoolismo e prisão, esta artista parece ter encontrado na música uma forma de partilhar parte das suas experiências de forma aberta e sincera. De acordo com as palavras da própria, “I want to be as open as I can about mental disorders or suicide or homophobia. I just want my fans to know that they’re more than fine to be as they are, I just want people to feel fine with themselves.” Uma artista a estar atento.

SOFI TUKKER é o nome de um duo nova-iorquino do qual fazem parte Sophie Hawley-Weld e Tucker Halpern. A sua discografia até ao momento é composta apenas por um EP, “Soft Animals”, lançado em 2016, cujo título é inspirado num poema de Mary Oliver: “You only have to let the soft animal of your body love what it loves”, e as músicas que dele fazem parte apelam claramente à dança, com recurso frequente à cultura musical brasileira, tanto a nível dos instrumentos utilizados, quanto dos poetas e da língua, com uma qualidade que levou à sua nomeação para um Grammy com a música “Drinkee”. Quanto à escolha da língua portuguesa, a justificação de Sophie é clara: “I just like it, so I learned it. I think it sounds so great”. Nós também.

Agar Agar é o nome de um outro duo, desta vez com origem nos subúrbios de Paris, que junta a produção ao estilo dos anos 80 de Armand com a voz grave e sensual de Clara, num projeto que encontrou o seu nome recorrendo a uma das formas como Armand ocupa os seus tempos livres: criação de formigas, que alimenta com agar-agar e xarope de grenadina. Esta explicação reflete o sentido de humor que habitualmente está presente não só nas entrevistas dadas por este duo (que identifica como principais influências artísticas a família de macacos onde Clara foi criada e o facto de Armand gostar de pinturas mas não de molduras) mas também na sua música, como esta “Prettiest Virgin” que trago hoje, a história de uma rapariga virgem que sonha com um rapaz, Dan.

Pale Waves é um grupo de indie-pop que nos chega de Manchester, e que soa a Verão e a anos 90. Formados inicialmente pela vocalista/guitarrista Heather e pela baterista Ciara, que se conheceram na universidade que ambas frequentavam, Charlie e Hugo juntaram-se pouco depois para formar o grupo tal como existe atualmente. Ainda sem qualquer álbum editado, este grupo tem vindo a angariar alguma atenção e uma base de fãs crescente, para o que contribuirá o apoio que têm vindo a receber de um outro grupo com mais notoriedade (pelo menos atualmente), The 1975. Ficamos à espera de conhecer mais música deste grupo cuja ambição é editar um álbum que chegue ao topo das tabelas, e ter uma digressão completamente esgotada.

Arlissa é uma cantora e compositora inglesa com uma voz potente e com alma, que chamou a atenção de empresas discográficas desde cedo, tendo também sido nomeada pela BBC como uma artista a ter em conta, no ano de 2013, quando lançou o seu primeiro single, “Sticks&Stones”. Ainda sem qualquer álbum editado e com uma carreira que ainda conta apenas com alguns singles oficiais e algumas mais colaborações com outros artistas, Arlissa surge em 2017 com alguma música nova e uma série de vídeos no youtube com interpretações acústicas de algumas canções, em estúdio, em momentos sem produções elaboradas e em que o foco é a música. Vale a pena ver e, acima de tudo, ouvir.

Este é o set de 7 #11.

Os destaques visuais desta semana vão para Ängie, SOFI TUKKER, Agar Agar e Arlissa, todos com abordagens completamente distintas quanto à estética que acompanha a sua música, e todos igualmente interessantes e fascinantes. Arlissa tem um destaque especial por vos trazer o vídeo com uma música distinta da incluída na playlist do spotify, já que a que eu queria trazer para o set de 7 desta semana não está ainda disponível no spotify. Considerem-na como a faixa de bónus desta semana.

Enjoy!

[Ängie – Housewife Spliffin’]

I know that you are longing
For my precious pussy.

 

[SOFI TUKKER – Awoo feat. Betta Lemme]

I know, I did not raise a wrist
I know, I did not capture it
It came, it went, it conquered quick
I was there and then I quit.

 

[Agar Agar – Prettiest Virgin]

I wish you could see me, look at me
Ask me to spend the whole night with you, on the dancefloor.

 

[Arlissa – I Hate Giving You Everything]

How does it feel, does it feel
When you make me cry
But I’m the one who still needs to apologize.

Por zehtoh

i listen.

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