“Já Marchavas!”, A Marcha Do Orgulho LGBT De Lisboa

Já está marcada a próxima Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa, dia 20 de Junho pelas 17 horas no Jardim Do Príncipe Real. Esta será a 16ª edição e dizem os organizadores assim no seu Manifesto:

Chega de silêncios. As pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans são alvo de várias violências. Recusamos o silenciamento da violência e a violência do silêncio. Marchamos, com um apoio cada vez mais alargado e com orgulho na luta que travamos, para denunciar bem alto todas as formas de violência e para as combatermos em conjunto.

Há cada vez mais registos de crimes de ódio cometidos contra nós, por causa da orientação sexual, identidade e expressão de género. Embora haja cada vez mais denúncias, há também ainda demasiados silêncios: às vezes calamo-nos por sentirmos que vivemos em isolamento ou por medo da discriminação. Outras vezes calam-nos. Aumentam também os registos de suícidios nas nossas comunidades, mas sabemos que também aqui os silêncios imperam. É preciso não só prevenir e combater, mas também apoiar as pessoas que sobrevivem e que continuam a lutar.

A desinformação, o silêncio e a violência perpassam também no nosso direito à saúde. As pessoas trans continuam a não ter acesso a cuidados de saúde competentes e que respeitem a sua autonomia e identidade. Face à ausência de resposta atual no SNS exigimos do Estado urgentes soluções alternativas, gratuitas e de qualidade para todas as pessoas trans que aguardam cirurgia. A doação de sangue continua a ser impedida em muitos casos para homens que têm sexo com homens, com critérios estigmatizantes, discriminatórios e errados. E as pessoas LGBT têm medo da discriminação e evitam muitas vezes recorrer a profissionais de saúde, perdendo, em silêncio, o acesso a um direito que tem que ser universal.

E os silêncios ainda são a regra no trabalho, reforçados pelo medo acrescido que a austeridade veio impor. Viver em silêncio também é uma violência quotidiana para muitas pessoas LGBT. Temos que quebrar todos estes silêncios e garantir que todas as pessoas têm o direito de afirmar a sua identidade sem hesitações.

Somos pessoas com uma enorme diversidade: pessoas de várias origens étnicas, imigrantes, requerentes de asilo, pessoas trans, pessoas com deficiências, pessoas de várias religiões, pessoas que têm diferentes modelos relacionais, pessoas idosas e jovens, assexuais, bissexuais, mulheres lésbicas, pessoas que estão em relações não-monogâmicas consensuais, mas sempre pessoas com Direitos inalienáveis. Como inalienável tem de ser o direito a que todas as pessoas possam ser reconhecidas na interseção entre as suas várias identidades, e protegidas da violência, física ou psicológica, venha ela de onde vier.

Temos, em conjunto, que garantir condições para quebrar o silêncio, para denunciar e combater todas as violências.

Em comum recusamos todas as formas de discriminação e violência – queremos acabar com o silêncio.

Contra a violência, ergue a tua voz!
Quebra o silêncio, junta-te a nós!

As marchas do orgulho gay costumam receber críticas, inclusivamente por parte de pessoas LGBT, que as veem como uma parada de gente excêntrica e provocante. E se é verdade que marcham pessoas excêntricas e provocantes e que lhes é dada particular atenção nos média, também é igualmente verdade que a marcha recebe o apoio de inúmeros cidadãos anónimos, de todas as formas e feitios, é uma marcha que celebra a variedade do ser humano que ali se une.

Não, nem sempre seremos discretos em público, nem sempre faremos o que nos apetecer fora da vista de quem nos critica e odeia, nem sempre andaremos de cabeça baixa quando nos apontam o dedo. Por isso, sim, marchamos uma tarde contra toda a discriminação e homofobia que sofremos os restantes dias do ano e, acima de tudo, celebramos o ser humano e todas as suas cores, juntos!

Fonte e Manifesto na íntegra: Blogue da Marcha.


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Respostas de 2 a ““Já Marchavas!”, A Marcha Do Orgulho LGBT De Lisboa”

  1. […] do orgulho LGBT com celebrações e marchas marcadas em todo o mundo (em Portugal haverá várias, incluindo a de Lisboa). Várias empresas ganharam, e bem, o hábito de comemorar o início dos festejos ao mostrar o […]

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  2. […] do documentário, da autoria de Fernando Morais (Cibelo), que, diz o próprio, “[retrata] a marcha LGBT de Lisboa, organizada em 2015. Com o lema “contra a violência quebra o silêncio”, o entusiasmo foi […]

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