Pessoas LGBT Com Deficiência E A Dupla-Exclusão

Pessoas LGBT Com Deficiência E A Dupla-Exclusão

Um artigo recente, partilhado na mexicana Revista G, aborda um dos temas tabu da sociedade que tem particular relevância em pessoas LGBT dado que muitas vezes são duplamente discriminadas: pessoas com deficiência. Entitulado “Homosexualidad y discapacidad: ¿doble exclusión?“, aqui deixamos uma tradução livre:

A aceitação da homossexualidade tornou-se um assunto maior nas sociedades ocidentais, mas o que acontece quando a pessoa vive com algum tipo de deficiência? Alguns estudos afirmam que as pessoas LGBT desabilitadas sofrem dupla discriminação e isso leva-as para a invisibilidade perante a sociedade. Em muitos casos, elas são discriminadas no seio das próprias comunidades LGBT. Não deixa de ser curioso que um grupo que consistentemente tem sido rejeitado por sua vez discrimine pessoas com deficiência.

No campo sexual, as pessoas com deficiência investem o seu tempo reclamando o que terão perdido: o facto de serem atraentes. Para elas, viver com deficiência significa serem excluídas.

Toni diz a este respeito, “ignorar significa não dar a oportunidade, e a cadeira de rodas assusta os rapazes.” Mas longe de ser um fenómeno único LGBT, a deficiência e os direitos LGBT são conceitos que parte da sociedade não consegue entender ou não acredita existirem juntos. Inclusivamente surgem ideias erradas que as pessoas com deficiência são assexuadas.

No complexo universo da sexualidade das pessoas portadoras de deficiência – que muitas vezes a sociedade não reconhece nem aceita – onde os preconceitos e os tabus ameaçam o livre e pleno desenvolvimento destas pessoas, surge um outro ponto de debate: a eleição, referente ao desejo ou erotismo em relação a indivíduos do mesmo sexo.

A sexualidade das pessoas com deficiência é um tema desconhecido ou ignorado pelo público, por este motivo estas pessoas são consideradas como não sexuais. O sexo está intimamente ligado à juventude e atracção física e quando alguém foge a estes padrões muitas vezes é visto como “incapaz”.

Quando se discute sexo e deficiência, geralmente refere-se às suas capacidades, técnicas e fertilidade, deixando para trás o conceito de atrações sexuais e, portanto, esquece-se a parte emocional, afectiva, emocional e o simples tocar.

No desenvolvimento sexual das pessoas com deficiência é muito relevante o seu ambiente, além de que vivemos numa sociedade onde o sexo está sempre presente; por isso é um erro ignorar e acreditar que as pessoas com deficiência não têm essas necessidades, ou que não são como as outras pessoas a este respeito; temos, então, de considerar a sexualidade como um elemento a ter em conta com estas pessoas.

Por este motivo, é necessário educar a sociedade sobre as questões da homossexualidade e da deficiência, além de que é urgente introduzir estes temas em alguns grupos e associações que orientam e educam, dando mais e melhor informação. E, acima de tudo, que se formem alianças fortes e relevantes.

Por Nayelli Juarez

Fonte: Revista G.

Nota: Obrigado ao Luciano pela partilha do artigo 🙂


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Respostas de 9 a “Pessoas LGBT Com Deficiência E A Dupla-Exclusão”

  1. Tão lamentável que ainda assim seja 😦

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    1. Verdade, há que lutar contra a invisibilidade destas pessoas 🙂

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  2. Dentro da comunidade LGBT existe exclusão até de pessoas que não estão dentro dos padrões de beleza, seja por ser gordo ou ter problemas de pele, etc… Quem suporta uma deficiência física corre o mesmo risco de discriminação infelizmente.
    O problema das minorias é que muitas vezes ignoram as próprias minorias dentro delas. Ainda assim acredito que as pessoas lgbt em geral têm uma maior consciência para estes casos de invisibilidade e marginalização.

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    1. Exacto, Jorge! Todos nós devemos ter a sensibilidade adequada para não deixar de dar atenção a estes casos, dentro ou fora da população LGBT. E é também para isso que cá estamos todos nós 🙂

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  3. […] Amanda Ribeiro Depoimento Deficiente e gay: entre o “coitadinho” e o “pervertido”, publicado no P3 (poderão igualmente ler o nosso artigo Pessoas LGBT Portadoras De Deficiência E A Dupla-Exclusão); […]

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  4. […] Special é uma maravilhosa série de comédia que se vê de uma assentada, até porque são apenas 8 episódios de 15 minutos cada, o único ponto fraco da série: queríamos mesmo passar mais tempo com Ryan e as restantes personagens, todas igualmente ricas e representativas das pessoas que conhecemos mas não vemos na televisão. O’Connell é claro o cerne e coração de Special, que confessou que teve de fazer dois coming out e combater duas fobias: homofobia e, talvez mais forte ainda, fobia de pessoas portadoras de deficiência. […]

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  5. […] Aos títulos e atividades já anunciados – a retrospetiva dedicada a Yvonne Rainer, os filmes de abertura e encerramento, as sessões especiais e os títulos que integram a Secção Panorama, juntam-se agora os filmes que integram as cinco competições oficiais do festival e o anúncio de uma série de conversas e debates que pretendem espoletar a discussão sobre várias questões sociais e culturais de enorme pertinência: entre elas, o consumo de drogas, a saúde mental, a representação LGBTQI+ nos media ou as realidades que enfrentam no Brasil as comunidades trans e as pessoas com deficiência. […]

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  6. […] que toca às pessoas LGBTI+ com deficiência, estudos afirmam que estas sofrem dupla discriminação e isso leva-as para a invisibilidade perante …. Importa assim quebrar este […]

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