Preconceito medieval

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Esta história não é ficção, pois num mundo imaginário não existe tanta maldade, julgamento, atrocidade, crueldade… Preconceito! Tudo se passou numa cidade pequena, conservadora, onde a sociedade vê com alguma estranheza a demonstração de afeto entre pessoas do mesmo sexo. Mas nem foi disso que se tratou. O que se passou ocorreu numa feira medieval onde as pessoas se querem divertir, entrar no espírito, beber uns copos e estar com os amigos. Acontece que um grupo de amigos maioritariamente homossexual entrou demasiado no espírito, o que é perfeitamente respeitável, dado que a ideia de um evento deste género é mesmo a de fazer com que as pessoas se divirtam e convivam. Nesse grupo, um rapaz em especial, começou a fazer jeitos e trejeitos que não lhe são possíveis controlar. Estava apenas a divertir-se, talvez até a libertar-se da pressão diária que sente por parte de uma sociedade machista, xenófoba e conservadora, ainda para mais numa cidade pequena como aquela que se está a descrever aqui nesta crónica.

Seguiu-se a manifestação de todos os outros que rodeavam este grupo de amigos. Algo que não tinham de fazer. É muito feio olhar fixamente, apontar o dedo e ainda por cima exteriorizar os pensamentos maldosos e nojentos acerca de alguém. O grupo de amigos foi ofendido por parte de um outro grupo de pessoas com idade para terem juízo, entre eles estavam professores; cidadãos que têm o dever de instruir as crianças e prepará-las o melhor possível para respeitarem os seus direitos e os dos outros, assim como nunca julgarem ninguém pela sua forma de ser e estar na vida. Dentro deste grupo de pessoas chegou a proferir-se frases como “eu tenho de sair daqui, sou preconceituoso e não aguento estar ao pé desta gente”. O grupo de amigos não fez nada, manteve-se no seu lugar a conviver e a usufruir do direito à liberdade de cada um.

Uma situação destas é lamentável. Já se fez muito, mas parece que ainda está tudo por fazer. As associações vão às escolas e fazem de tudo para tentar informar as pessoas. É triste perceber que a sociedade acredita que ser homossexual é uma escolha. Ninguém acorda e diz “hoje vou gostar de pessoas do mesmo sexo que eu”. É apenas uma caraterística. No entanto, parece que agora os preconceituosos já não se escondem, pois fazem questão de manifestar a sua opinião; e isto não acontece apenas no que diz respeito a temáticas LGBTQI+. É por isso que é necessário fazer mais novelas onde se abordem estes assuntos, publicar capas de revista, que os jornais escrevam notícias, que passem o Love, Simon na televisão nacional, entre muitas outras campanhas e iniciativas que possam abrir um pouco mais os horizontes daqueles que não respeitam o direito à liberdade. Mesmo assim, poderá não ser o suficiente; mas talvez se evitem incidentes como aquele que aconteceu ao casal de Coimbra que se viu espancado por um grupo de indivíduos que não respeita a felicidade do outro.

 

Fotografia por Levi Saunders na Unsplash.


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Uma resposta a “Preconceito medieval”

  1. […] Se na última crónica aqui no esQrever relatei a minha posição exterior relativamente a uma situação de preconceito, desta vez tive a possibilidade de a experienciar de uma forma mais direta. Não gostei! E não me senti bem em ouvir expressões de ódio relativamente a alguém que estava apenas a ser ele próprio. Mas, se cada um tem direito a ser como é, também os preconceituosos o podem ser. Um pouco mais ridículo é o tempo que perdem a tecer os comentários que de nada servem a não ser criar mau ambiente e fazer com que algumas pessoas que estejam presentes se sintam mal. E esse não é o objetivo da vida, mas também não se pode querer que toda a gente tenha o objetivo de ser e fazer feliz. […]

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