Portugal: Orientação sexual é dos fatores mais relevantes na discriminação, segundo o INE

Portugal: Orientação sexual é dos fatores mais relevantes na discriminação, segundo o INE

Inquérito divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostra como a orientação sexual é dos fatores mais relevantes na discriminação em Portugal.

Os aguardados resultados das primeiras estatísticas oficiais sobre a origem étnico-racial da população portuguesa foram revelados pelo INE, proporcionando uma visão inédita da sociedade portuguesa.

De acordo com os números divulgados, mais de 1,2 milhões de pessoas foram vítimas de discriminação, enquanto 2,7 milhões testemunharam atos discriminatórios. Estes são contextos mais sentidos por pessoas que se identificam como ciganas (51,3%), negras (44,2%), ou com pertença mista (40,4%), assim como por mulheres (17,5%), jovens (18,9%), escolarizadas (18,3%) e desempregadas (24,9%). Estes dados foram obtidos a partir de uma amostra representativa de 7,5 milhões de pessoas entre 18 e 74 anos.

Os resultados procuram dar resposta aos pedidos de pessoal das áreas da sociologia, das políticas públicas, ativistas e das Nações Unidas. Havia assim o interesse em obter uma imagem precisa da composição étnico-racial da população portuguesa. Um grupo de trabalho, formado para discutir a inclusão dessas categorias no Censo de 2021, endossou essa iniciativa. Entretanto, devido à falta de consenso, o INE optou por realizar um inquérito em 2019 como uma alternativa.

Para Inocência Mata, os resultados evidenciam o “desconhecimento total que Portugal tinha de si próprio“. Com aproximadamente 7% da população identificando-se como não branca, ela destaca a necessidade de o país “parar de se pensar como caucasiano“.

Orientação sexual entre as discriminações mais sentidas e testemunhadas

Quase dois terços das pessoas consideram existir discriminação em Portugal e cerca de um terço já testemunhou situações de discriminação. Grupo étnico, cor da pele, orientação sexual e território de origem constituem os fatores mais relevantes na discriminação percebida e testemunhada.

A pesquisa também apontou que 65% das pessoas portuguesas percebem discriminação com base em fatores étnicos (82,6% e 67,5%), cor da pele (79,7% e 71,9%), orientação sexual (71,5% e 51,9%) e território de origem (69,6% e 56,9%) como os mais relevantes na discriminação percebida e testemunhada, respectivamente.

INE Portugal discriminação orientação sexual dados

No que diz respeito ao género, 17,5% das mulheres e 14,5% dos homens afirmaram terem sido alvo de discriminação. A pesquisa também revelou que a discriminação é mais prevalecente entre aquelas com background migratório (29,2%) em comparação com aquelas sem (13,1%), sendo mais pronunciada nas faixas etárias entre 18 e 54 anos.

As perguntas sobre discriminação incluíam indagações como “Em Portugal, alguma vez sentiu que foi ou é tratado/a de forma discriminatória?“, “Com que frequência?” e “Quais as características que podem estar na origem dessa discriminação?” abordando aspectos como cor da pele, grupo étnico, idade, religião, sexo, opiniões políticas, território de origem, escolaridade, incapacidade/problema de saúde, situação económica/condição social, orientação sexual, entre outros.

Já em 2022, e entre as idades mais jovens que as analisadas no inquérito do INE, um estudo pelo Centro de Psicologia da Universidade do Porto concluiu que a maioria das pessoas LGBTQ+ jovens em Portugal ainda são vítimas preferenciais de cyberbullying e de bullying em contextos como a escola, o espaço público e também na família.

Estes dados prometem fornecer uma visão aprofundada das experiências e perceções da população portuguesa em relação à discriminação.


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