
Cientistas encontraram variantes genéticas associadas ao comportamento bissexual humano pela primeira vez e em como estão ligadas a vantagens reprodutivas.
O estudo, pela Universidade de Michigan, analisou dados de 452.557 pessoas no Reino Unido. O mesmo revelou que homens heterossexuais que têm variantes genéticas associadas ao comportamento bissexual têm mais descendência.
“O comportamento sexual entre indivíduos do mesmo sexo não é raro entre os animais, tendo sido observado em mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e invertebrados. Nas sociedades humanas, 2% a 10% dos indivíduos têm sexo com pessoas do mesmo sexo”, refere o estudo.
Os resultados encontrados sugerem que as variantes genéticas associadas à bissexualidade são “reprodutivamente vantajosas“, o que pode explicar a sua persistência e manutenção na espécie humana.
Jianzhi Zhang e Siliang Song, que assinaram o estudo, explicaram que “no passado, as pessoas agrupavam todo o comportamento homossexual, mas na verdade há um espectro“.
A associação destas variâncias genéticas ocorre também a comportamentos de risco e, entre outros, deverá estar o sexual. Daí que “o comportamento de risco nos homens tem uma correlação positiva com o comportamento bissexual e o número de descendentes”, segundo o estudo.
“A natureza é complicada”, explicou Zhang. “Estamos a falar de três características: número de crianças, assunção de riscos e comportamento bissexual: todos eles partilham alguns fundamentos genéticos.”
O trabalho relacionado com a sexualidade e os genes tem sido controverso, com a preocupação que, se um “gene gay” pudesse ser identificado, poderia promover a discriminação das pessoas queer. Mas a ideia de “gene gay” parece estar cada vez mais afastada.
A identificação destas variantes genéticas afasta ainda mais a ideia de um “gene gay”
Um outro estudo identificou, em 2019, cinco variantes no genoma humano associadas a pessoas que relataram ter tido sexo com outras pessoas do mesmo sexo. Ou seja, não há um “gene gay”; há variantes genéticas em vários genes associadas e estes fazem parte da espécie humana.
“Está escrito nos nossos genes e faz parte do nosso ambiente. A homossexualidade faz parte da nossa espécie e faz parte de quem somos.“ Foi assim que Benjamin Neale, investigador do Broad Institute of M.I.T. and Harvard, explicou a influência da genética na sexualidade das pessoas.
As variantes genéticas agora identificadas e associadas ao comportamento bissexual apontam nesse mesmo sentido. Estes resultados “contribuem predominantemente para a diversidade, riqueza e melhor compreensão da sexualidade humana”. Sendo que Zhang e Song “não pretendem, de forma alguma, sugerir ou endossar a discriminação baseada no comportamento sexual”.

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