
O Centro Anti-Discriminação VIH e Sida (CAD) lançou uma nova campanha de sensibilização que divulga histórias de pessoas com VIH em tratamento onde “transmissível é o amor“. A campanha, coordenada pelo GAT e SER+, inclui cinco histórias reais, registadas em vídeo, que destacam a importância de combater o estigma associado ao VIH.
VIH: Evidência Científica e o Conceito “Indetetável = Intransmissível”
Há mais de 20 anos, estudos científicos mostraram que pessoas com VIH, em tratamento eficaz e com carga viral indetetável, não transmitem o vírus a outras pessoas. Este conceito, conhecido como “Indetetável = Intransmissível” (ou “i=i”), foi amplamente confirmado, especialmente após um estudo significativo publicado em 2016.
“Indetetável” refere-se a uma carga viral tão baixa que não pode ser detetada por testes padrão. “Intransmissível” significa que, com a carga viral indetetável, o VIH não pode ser transmitido. Apesar de esta evidência ser amplamente aceite na comunidade científica, ainda é pouco conhecida pelo público em geral.
“As pessoas com VIH não estão sozinhas”
A nova campanha do CAD “VIH não é transmissível” pretende informar de forma empática todas as pessoas. Apresenta assim cinco vídeos com conversas sinceras entre casais serodiferentes, colegas de trabalho, amigas, familiares e profissionais de saúde. Estas histórias visam mostrar como o conceito “i=i” mudou vidas, oferecendo uma perspectiva real sobre a convivência com pessoas que vivem com VIH.
João Brito, coordenador do CAD, destaca que “estas conversas mostram que as pessoas com VIH não estão sozinhas, que a informação é poder e que é também responsabilidade de quem não vive com VIH saber mais sobre o vírus e travar de vez o preconceito e a discriminação.”
Educação e formação são a chave para erradicar o estigma do VIH
Ana Duarte, também coordenadora do CAD e responsável pela área da formação, reforça a necessidade de investir em educação e capacitação. “A formação é essencial para erradicar os contextos discriminatórios e por isso temos alertado ao longo destas décadas para a importância de o Estado e as instituições investirem em ações de formação e capacitação não só das comunidades que vivem com VIH, como da população em geral, quebrando mitos, crenças e atitudes sociais estigmatizantes.”
O tratamento eficaz do VIH permite que as pessoas vivam vidas longas e saudáveis, evitando a transmissão do vírus por via sexual e outras vias. No entanto, a falta de conhecimento sobre “i=i” perpetua o estigma e a discriminação contra as pessoas que vivem com VIH. Esta campanha visa combater esse desconhecimento e fomentar uma maior compreensão e aceitação.
Transmissível é o amor: Histórias de quem vive com o VIH
As cinco histórias de pessoas que vivem com o VIH vão ser lançadas ao longo das próximas semanas, tendo já estreado a primeira que conta como “transmissível é o amor“:
Leandro Buenno e Rodrigo Malafaia são um casal serodiferente que encontrou amor e força no Brasil. Leandro, após revelar publicamente o seu estado serológico, utiliza as redes sociais para combater o estigma e divulgar a mensagem “i=i”.
Paolo Gorgoni e Alaiane Guterres trabalhavam em conjunto e construíram uma relação baseada na compreensão e ativismo pelos Direitos Humanos. A evidência “i=i” trouxe segurança e confiança às suas vidas.
Cristina Calca e João Antunes reencontraram-se 30 anos depois, vivendo com VIH. A paixão partilhada é reforçada pelo apoio mútuo e pela crença na ciência.
Maria João Brás e Catarina Esteves estão unidas pelo ativismo e pela luta contra o estigma do VIH. Ambas são mães e partilham a esperança de um futuro onde a amamentação seja segura para mães com carga viral indetetável.
Emanuel Caires e Bernardo Silva são amigos que se tornaram família um para o outro. A mensagem “i=i” foi crucial para o empoderamento de Emanuel, e juntos trabalham para ampliar o conhecimento sobre esta evidência científica.
A nova campanha do CAD, através das suas histórias reais e o foco na educação, pretende desmistificar a ideia errada de que pessoas com VIH em tratamento eficaz são uma ameaça à saúde pública. Ao destacar a evidência científica de que “Indetetável = Intransmissível”, a campanha procura não apenas informar, mas também inspirar uma mudança de atitudes e a erradicação do estigma associado ao VIH.
Para mais informações, visita a página CAD Transmissível.

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