Quem foi Dale Olson, o primeiro homem a afirmar-se homossexual na televisão?

Quem foi Dale Olson, o primeiro homem a afirmar-se homossexual na televisão?

Em abril de 1954, Dale Olson fez história ao tornar-se a primeira pessoa a identificar-se como homossexual na televisão. No programa “Confidential File”, apresentado por Paul Coates, o episódio intitulado “Homossexuais e os problemas que eles apresentam” incluiu um segmento chamado “A Variante Sexual no Sul da Califórnia”, onde Olson foi entrevistado sob o pseudónimo “Curtis White”. Apesar do seu rosto estar desfocado, ele confrontou vários estereótipos negativos sobre homossexuais da época.

Quando Coates perguntou se ele desejaria ser “curado” da sua homossexualidade, caso fosse possível, Olson respondeu: “Estou a falar apenas por mim, mas a resposta é não“. Ele admitiu que a sua participação no programa lhe custaria o emprego, o que de facto aconteceu. No entanto, justificou a sua decisão ao dizer: “Acho que desta forma posso ser um pouco útil a alguém além de mim mesmo“.

Apesar do pseudónimo, o seu chefe reconheceu-o e Olson foi despedido no dia seguinte. Seis meses depois, ele escreveu para a revista ONE, assegurando aos leitores que havia encontrado um novo emprego com um salário mais alto. Esta foi a primeira vez que um homem homossexual apareceu na televisão para defender a sua orientação sexual, representando uma mudança para a comunidade LGBTQ+. A ONE cobriu a entrevista em 1954, mas a maioria das cópias da edição foi destruída pelo Serviço Postal dos EUA, que considerou a revista obscena. Só em 1958 o Supremo Tribunal dos EUA declarou que a ONE não era obscena e podia ser distribuída pelo correio.

Dale Olson tornou-se num publicitário de estrelas como Marilyn Monroe, Clint Eastwood ou Rock Hudson

Dale Olson continuou a sua carreira como repórter e depois como publicitário na Rogers & Cowan, onde ganhou fama por campanhas eficazes de Óscar para clientes como Shirley MacLaine, Maggie Smith, Marilyn Monroe, Gene Kelly, Clint Eastwood, Laurence Olivier e Robert Duvall. Foi também responsável pela publicidade de filmes icónicos como Superman, Rambo, Rocky e Halloween.

Olson teve outra intervenção significativa na história LGBTQ+ ao trabalhar como publicitário de Rock Hudson. Em 1985, durante especulações sobre a saúde de Hudson, Olson inicialmente mentiu, dizendo que o ator tinha cancro no fígado. Contudo, persuadiu Hudson a usar a sua fama para sensibilizar o público sobre a SIDA. Em julho daquele ano, Hudson reconheceu publicamente que tinha a doença, o que teve um enorme impacto na epidemia de SIDA, com as doações para a investigação a mais do que duplicarem no segundo semestre de 1985.

Dale Olson tornou-se desde então um ativista contra o estigma do VIH/SIDA. Tendo sobrevivido à epidemia, casou-se com o seu parceiro de longa data, Eugene Harbin, em 2008. Em 12 de julho de 2012, Shirley MacLaine entregou-lhe a Medalha de Honra do Actor Fund. Olson faleceu a 9 de agosto de 2012, devido a um cancro no fígado.

A coragem e o trabalho de Dale Olson deixaram um legado duradouro na luta pelos direitos LGBTQ+ e na sensibilização para o VIH/SIDA.



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