“Hacks”: A revolução da comédia feminina e queer com Jean Smart e Hannah Einbinder

Hacks: A revolução da comédia feminina e queer com Jean Smart e Hannah Einbinder

A série de comédia “Hacks” tem vindo a consolidar-se como uma das produções mais relevantes da última década, não só pela sua qualidade, mas também pela forma como aborda temas de género, sexualidade e poder. Na edição de 2024 dos Emmys, “Hacks” foi a grande vencedora na categoria de comédia, reafirmando a sua posição no panorama televisivo.

Com a dupla Jean Smart e Hannah Einbinder a liderar o elenco, a série não só oferece um humor refinado e perspicaz, mas também desafia as normas de representatividade feminina e queer na comédia, um espaço tradicionalmente dominado por homens.

Jean Smart: O Renascimento de um ícone LGBT+

Jean Smart, atriz sénior de Hollywood, já era aclamada, mas foi com “Hacks” que cimentou o estatuto de ícone LGBT+. No papel de Deborah Vance, uma comediante em fim de carreira a lutar para se manter relevante em Las Vegas, Jean oferece uma performance que equilibra vulnerabilidade e força. A sua personagem enfrenta o sexismo, o idadismo e as mudanças no cenário cultural e humorístico.

Deborah é uma figura com a qual muitas pessoas queer se identificam, uma mulher que resiste à invisibilidade e à irrelevância imposta pelas normas da sociedade. A sua luta pela aceitação e relevância reflete as próprias lutas da comunidade LGBT+ para conquistar espaço e respeito. Jean Smart, com a sua escolha de papéis e a sua autenticidade, tornou-se um símbolo dessa resistência e de inclusão.

Hannah Einbinder: Uma voz bissexual na Comédia

Hannah Einbinder, que interpreta Ava Daniels, é outro ponto alto da série. Ava é uma jovem escritora de comédia, bissexual, que vê a sua carreira arruinada após um incidente nas redes sociais. A sua relação com Deborah Vance começa como um choque de gerações, mas evolui para uma parceria cheia de tensões e admiração mútua.

Na vida real, Hannah também é bissexual, o que traz uma autenticidade ainda maior à sua personagem. A forma natural como a série lida com a bissexualidade de Ava é importante para a representatividade LGBT+ na televisão. Em vez de dramatizar a sua orientação sexual, “Hacks” insere-a como um aspeto inerente da sua vida, ajudando a desmistificar e normalizar a bissexualidade no pequeno ecrã.

“Hacks” e a representatividade das mulheres e de personagens LGBT+ na Comédia

Tradicionalmente, a comédia tem sido um espaço dominado por homens, tanto em frente como atrás das câmaras. “Hacks” desafia essa norma ao colocar duas mulheres de gerações diferentes no centro da ação, com um guião que explora as suas experiências como profissionais da comédia num mundo que ainda as marginaliza.

A série subverte o mito de que mulheres não são “tão engraçadas quanto os homens”, ao destacar duas comediantes que, apesar de suas diferenças, partilham a mesma paixão por fazer o público rir. Além disso, a dinâmica entre Deborah e Ava é inovadora porque não recorre aos clichés de rivalidade feminina. Em vez disso, explora a complexidade das suas personalidades e os desafios que enfrentam como mulheres num espaço patriarcal.

A inclusão de uma personagem bissexual também é significativa. No passado, personagens LGBT+ eram frequentemente usadas como alívio cómico ou elementos secundários, muitas vezes caricaturadas. “Hacks” trata a sexualidade de Ava com respeito, oferecendo uma representação rica e complexa que se desvia dos estereótipos. Esta é uma vitória para a representatividade queer, especialmente num género como a comédia, onde as identidades LGBT+ nem sempre são levadas a sério.

“Hacks” e a Importância da Diversidade na Comédia

Com a vitória nos Emmys 2024, “Hacks” sublinha a importância de contar histórias diversas e autênticas. A série prova que existe espaço para mulheres de todas as idades e orientações sexuais na comédia e que as suas histórias podem ser tão engraçadas e envolventes quanto as de qualquer outro. Jean Smart e Hannah Einbinder tornaram-se símbolos dessa revolução, mostrando que a comédia é uma forma poderosa de explorar questões de género, poder e identidade.

Num momento em que a luta por igualdade e inclusão é mais visível do que nunca, “Hacks” reafirma a necessidade de representatividade em todos os géneros televisivos. Seja através de personagens complexas como Deborah e Ava, ou através da sua abordagem cuidada da bissexualidade, a série é um marco na comédia contemporânea.

E com o reconhecimento contínuo da crítica e do público, “Hacks” continuará a definir os padrões de como contar histórias femininas e queer no futuro.

Hacks, com Jean Smart e Hannah Einbinder, está disponível na MAX.



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