“Queer”: O novo filme de Luca Guadagnino explora o desejo e o isolamento do ser

"Queer": O novo filme de Luca Guadagnino explora o desejo e o isolamento do ser

O realizador italiano Luca Guadagnino, conhecido pelo seu olhar sensível e visões cinematográficas complexas, mergulha novamente em territórios de exploração emocional e identidade em Queer. O filme, baseado na novela semi-autobiográfica de William S. Burroughs – que manteve a sua orientação sexual escondida até idade adulta por vergonha – marca mais um percurso de Guadagnino pelos desafios do desejo, desta vez num contexto pós-guerra em plena década de 1940. Este filme, protagonizado por Daniel Craig e Drew Starkey, promete retratar o desejo e a alienação de forma hipnótica.

Situado na Cidade do México, Queer segue William Lee (Craig), um expatriado estadunidense que vive numa bolha de isolamento entre bares frequentados por outros estrangeiros e estudantes universitários. Ao conhecer Eugene Allerton (Starkey), um ex-militar e utilizador de drogas, Lee é instantaneamente atraído, apesar da indiferença inicial de Allerton. O que se desenrola é um enredo tenso de paixão não correspondida, dependência e busca desesperada por uma ligação.

Além dos protagonistas, o elenco inclui nomes de peso como Jason Schwartzman, Lesley Manville e o músico Omar Apollo. O filme promete criar uma narrativa visual e emocional intensa, com Guadagnino a explorar a complexidade dos sentimentos e as ambiguidades de uma paixão arrebatadora.

Guadagnino e o olhar sobre Burroughs em Queer

Guadagnino expressou que Queer é uma obra muito pessoal, refletindo “a incessante busca de reconhecimento no olhar de outro,” um sentimento que espelha o romance de Burroughs. O realizador tem demonstrado habilidade em abordar a sensualidade e a alienação. Em Call Me By Your Name e Bones and All Guadagnino mostra como traduz emoções cruas e muitas vezes contraditórias com sensibilidade poética. Em Queer, o realizador faz uma homenagem a Burroughs, aproximando-se da sua visão única de um universo desestruturado e marginalizado.

A Variety descreveu Queer como “audacioso e psicadélico,” elogiando a performance de Craig, que assume uma personagem complexa e vulnerável. Craig, que se afastou radicalmente do icónico papel de James Bond, consegue capturar a essência de um Burroughs mais jovem, ainda imerso numa busca por sentido e ligação.

Queer estreou no Festival Internacional de Cinema de Veneza, onde competiu pelo Leão de Ouro, e seguiu para exibições em Toronto e Nova Iorque, consolidando o filme como um dos projetos mais aguardados do ano. Estas sessões receberam críticas francamente positivas antes da sua estreia nos cinemas mundiais.

O Legado de Guadagnino e a Relevância de Queer

O novo filme de Guadagnino aborda temas de isolamento, dependência e o desejo de intimidade. Pretende assim evocar o espírito de Burroughs, cuja vida e obra refletiram sempre a tensão entre desejo e alienação. Queer propõe-se como uma obra intensa e visualmente hipnotizante, não apenas para fãs de Guadagnino e de Burroughs, mas para quem procura entender as nuances do desejo humano. Queer promete ser uma experiência que se desenrola não só no ecrã, mas também no espaço íntimo de quem o vê.

O filme ainda não tem estreia marcada para Portugal e Brasil, mas o trailer foi agora lançado.



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Uma resposta a ““Queer”: O novo filme de Luca Guadagnino explora o desejo e o isolamento do ser”

  1. […] filme já estreou em Portugal e esperemos que não retarde em chegar às plataformas de streaming. Já o livro está somente […]

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