
A cada 10 minutos, uma mulher é assassinada no mundo. Quantas delas são lésbicas? Esta é a pergunta lançada pela Global Lesbian* Coalition (GL*C), que alerta para o aumento da violência contra lésbicas e a sua invisibilidade nas estatísticas de feminicídio. A GL*C exorta os Estados-membros da ONU e as suas entidades a adotarem medidas urgentes para combater esta realidade preocupante.
Segundo a GL*C, os casos de mortes de lésbicas estão a aumentar, refletindo o crescimento global das taxas de feminicídio. No entanto, estas mortes são frequentemente ignoradas ou mal classificadas pelas autoridades. Até em movimentos de género consolidados, como os 16 Dias de Ativismo contra a Violência de Género, as lésbicas continuam a ser invisibilizadas, perpetuando um ciclo de violência e discriminação.
A ONU Brasil, por exemplo, afirma que, em muitos casos, “apenas os assassinatos cometidos por um parceiro íntimo ou familiar são contabilizados como feminicídios“. No entanto, recorda que estes assassinatos ocorrem em muitos contextos além da esfera privada, como é o caso de crimes de ódio relacionados com a orientação sexual ou identidade de género.
Discurso conservador alimenta invisibilidade e discriminação contra lésbicas
A GL*C apela assim a uma linguagem e políticas inclusivas para proteger os direitos das lésbicas. Também critica o impacto de discursos conservadores que alimentam o ódio e a discriminação. “As questões sistémicas são cruciais, pois as lésbicas enfrentam vulnerabilidades sociais e económicas acrescidas, sem acesso a instituições especializadas”, sublinha Thato Thinyane, representante da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Thinyane aponta ainda a falta de ética no jornalismo, que muitas vezes apaga as identidades das vítimas ou reforça estigmas.
Contra a invisibilidade, a GL*C presta homenagem a vítimas lésbicas como Elisa Pomarelli, ativista italiana assassinada por um homem que considerava amigo; Pamela Cobbas, Mercedes Roxana Figueroa e Andrea Amarante, mortas após um ataque do vizinho em Buenos Aires; e Anele Bhengu, de 22 anos, assassinada por um homem de 39 na África do Sul. Estas histórias são exemplos da urgência em reconhecer e combater os lesbicídios.
Cristina Gonzalez Hurtado, coordenadora da LESLAC, destaca: “A GL*C denuncia os lesbicídios e a LesboBifobia, mas também representa uma esperança viva e coordenada para buscar justiça por nós.”
A Global Lesbian* Coalition reúne cinco regiões: Ásia, África Austral, América Latina e Caraíbas, Ásia Central e Europa, promovendo uma ação global para a proteção e justiça das mulheres lésbicas. A EL*C usa a palavra “lésbica” como um termo amplo e inclusivo, que inclui todas as mulheres lésbicas, bissexuais e queer (tanto cis como transgénero) e pessoas não binárias e intersexuais que se sentem ligadas à identidade lésbica e ao ativismo lésbico.

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