VIH continua a diminuir em Portugal, mas especialistas alertam para a prevenção e apoio a comunidades migrantes

VIH continua a diminuir em Portugal, mas especialistas alertam para a prevenção e apoio a comunidades migrantes

Apesar da redução contínua de novos diagnósticos de VIH em Portugal, o país permanece acima da média da União Europeia. Os novos dados foram publicados no relatório Infecção por VIH em Portugal – 2024, pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA). Em 2023, foram notificados 924 novos casos, sendo 53,1% em indivíduos nascidos no estrangeiro, muitos dos quais adquiriram a infeção em Portugal.

A transmissão heterossexual mantém-se como a mais frequente (54,0%), sendo que os casos em homens que têm sexo com homens (HSH) corresponderam à maioria dos novos diagnósticos em homens (61,6%). Ao longo dos anos foram notificados em Portugal 68.627 casos de infeção por VIH. Destes, 23.955 atingiram o estádio de SIDA e ocorreram 15.918 óbitos.

A crescente proporção de diagnósticos em pessoas migrantes destaca a necessidade de adaptação das estratégias de prevenção. “Urge investir na prevenção para estas comunidades”, alerta o subdiretor-geral da Saúde, André Peralta-Santos. A falta de acesso a cuidados de saúde e a vulnerabilidade social agravam os riscos, exigindo políticas de saúde inclusivas.

Este ano temos menos de mil novos casos de infecção diagnosticados, ou seja, ainda há mil novos casos que temos de prevenir. Mas não deixa de ser positivo porque há uma redução de cerca de 36 % nos últimos dez anos”, conclui o responsável.

Para esta diminuição de novos casos terão contribuído medidas preventivas e de sensibilização tais como o “aumento significativo de preservativos distribuídos” (cerca de sete milhões em 2023). Também é relevante o número de pessoas a aceder às profilaxias pós-exposiçãoe pré-exposição (PPE e PrEP).

Importância do acesso à PrEP e testagem na prevenção do VIH

O relatório sublinha a relevância da profilaxia pré-exposição (PrEP), agora disponível em farmácias comunitárias. Em 2023, 6.919 pessoas acederam à PrEP, um aumento de 50% face ao ano anterior. Esta medida preventiva, especialmente para pessoas trabalhadoras do sexo e homens que têm sexo com homens, é crucial para reduzir novas infeções.

Paralelamente, a testagem regular é fundamental. O diagnóstico tardio, prevalente em pessoas mais velhas e em homens heterossexuais, mostra a necessidade de aumentar a literacia em saúde e de promover comportamentos seguros.

Desafios no combate ao estigma

Ainda preocupante é o estigma entre profissionais de saúde: apenas 34% demonstram conhecimento elevado sobre o VIH e 31% exibem algum grau de preconceito. “Precisamos ser mais ativos na formação destes profissionais”, enfatiza Peralta-Santos, apelando a uma mudança cultural nos cuidados de saúde.

Apesar dos progressos, os desafios permanecem. A prevenção, aliada ao acesso à PrEP e ao apoio às comunidades migrantes, é essencial para reduzir a incidência do VIH e garantir uma resposta eficaz e inclusiva em Portugal.



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