“YMCA” dos Village People é um hino gay? Autor diz que não e apoia uso da canção por Trump

"YMCA" é um hino gay? Autor diz que não e apoia uso da canção por Trump
Randy Jones, David Hodo, Felipe Rose, Victor Willis, Glenn Hughes e Alex Briley dos Village People.

Victor Willis, letrista dos icónicos Village People, elogiou o uso da música “YMCA” nos comícios de Donald Trump e ameaçou processar meios de comunicação que continuem a chamar a canção de “hino gay”. Apesar de dois membros originais da banda serem assumidamente gays, Willis, que é heterossexual, nega que a música tenha ligações à comunidade LGBTQ+.

Em declarações à NBC, Willis revelou que, a partir de janeiro, a sua esposa, que é também manager da banda, irá avançar com ações legais contra meios de comunicação social que rotulem a música como hino LGBTQ+. O artista considerou que esta associação “danifica a canção”.

Willis reconheceu que o primeiro álbum dos Village People “era totalmente sobre a vida gay”, mas afirmou que, quando escreveu “YMCA”, desconhecia a conotação do YMCA como ponto de encontro gay. Segundo ele, a expressão “hang out with all the boys” era apenas gíria afro-americana dos anos 70, referindo-se a jovens negros a conviverem para desporto ou outros passatempos.

Embora o letrista afirme que a música foi criada para ser universal e não se oponha à interpretação LGBTQ+, insiste que a sua intenção original era descrever a juventude urbana a divertir-se nos albergues da organização YMCA, fundada em 1844.

Restantes membros dos Village People têm criticado uso das suas canções nos comícios de Trump

Apesar do apoio de Willis ao uso de “YMCA” por Trump, os restantes membros dos Village People têm sido críticos. A banda pediu repetidamente que o então candidato parasse de usar as suas músicas nos comícios, considerando até uma ação legal em 2020 pelo uso de “YMCA” e “Macho Man”. No entanto, após um evento na Pensilvânia, a 14 de outubro de 2024, Willis autorizou o uso da canção até ao fim da campanha presidencial. Segundo ele, a exposição dada por Trump fez a música voltar aos tops e processá-lo seria “estúpido e simplesmente odioso”.

Apesar das controvérsias, a ligação dos Village People à cultura queer é inegável. Membros como Felipe Rose e Randy Jones são abertamente gays, assim como o co-criador Jacques Morali. O nome da banda remete para o bairro queer de Greenwich Village, e os trajes icónicos são vistos como uma referência à subcultura gay dos anos 70.

David Hodo, um dos membros da banda, disse em 2008: “Se a música foi escrita para celebrar homens gays na YMCA? Sim, com certeza. E os gays adoram-na.”



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