
Estreado no Festival de Veneza em 2024, Babygirl, dirigido por Halina Reijn, e protagonizado por Nicole Kidman e Harris Dickinson, tornou-se rapidamente num dos filmes mais discutidos do ano. Entre críticas entusiásticas e debates, a obra mergulha profundamente nas dinâmicas de poder, desejo e consentimento, especialmente sob uma perspetiva feminina.
Nicole Kidman interpreta Romy, uma CEO que inicia uma relação com um estagiário mais jovem, Samuel, interpretado por Harris Dickinson. A sua atuação foi descrita como “intensa e corajosa“, capturando as contradições de uma mulher vulnerável e dominadora num mundo onde as fronteiras entre controlo e submissão são desafiadas.
Halina Reijn, conhecida por explorar a complexidade das relações humanas, dirige Babygirl com atenção aos nuances do desejo e do poder. O propósito do filme, segundo a Variety, “não é apenas alimentar o suspense, mas capturar algo genuíno sobre a experiência erótica das mulheres na era do controlo“. Esta abordagem reflete-se precisamente em cenas onde o erotismo comunica os conflitos internos da protagonista.
“Halina realizou o filme Bodies Bodies Bodies, então tem uma compreensão das gerações que se unem para ensinar umas às outras, e a geração mais jovem neste filme tende a ser a que ensina”, referiu Kidman.
BDSM, controlo e consentimento em Babygirl
Uma temática central do filme é a dinâmica BDSM entre Romy e o estagiário. A narrativa explora controlo e submissão, não só como práticas sexuais, mas como metáforas para as estruturas de poder na sociedade. Romy, uma líder num mundo corporativo dominado por homens, encontra na relação um espaço para explorar os limites do seu poder e vulnerabilidade. Babygirl é desafiante ao refletir sobre consentimento num mundo onde as dinâmicas de poder são distorcidas.
“Queria fazer um filme sobre dinâmica de poder, mas de maneiras muito diferentes, não apenas sexualmente, mas também no local de trabalho. E como mulher, como lidamos com todas estas diferentes dinâmicas de poder e o que se espera de nós mesmas e o que realmente sentimos”, disse Reijin.
Ambas as personagens, da CEO e do estagiário, nunca desempenharam estes papeis antes, há ali um elemento de insegurança no que fazem. “Acho que parte da diversão foi mostrar a forma como exploramos isso”, explicou Dickinson.
A era pós-#MeToo e o erotismo no cinema
O filme surge num contexto onde o erotismo no cinema está a ser repensado. Na era pós-#MeToo, narrativas que abordam desejo e poder sob perspetivas femininas tornam-se ainda mais relevantes. Babygirl questiona como a experiência erótica das mulheres pode ser representada de forma honesta, sem ignorar os seus riscos e contradições.
Desde a estreia, Babygirl recebeu aclamação generalizada, com Nicole Kidman a ser premiada em Veneza como Melhor Atriz. Também a realização ousada de Reijn foi celebrada.
Babygirl não é apenas um thriller erótico, mas uma meditação sobre desejo, controlo e vulnerabilidade. Ao focar-se na experiência feminina, Halina Reijn e Nicole Kidman desafiam limites e oferecem uma obra que convida-nos a olhar para erotismo e consentimento de um novo ângulo.
O filme estreou hoje, dia 26 de dezembro, em Portugal e no Brasil estreia a 9 de janeiro de 2025.

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