Meta sob pressão: Ativistas exigem proteção perante ameaça contra comunidade LGBTQ+

Meta sob pressão: Ativistas exigem proteção perante ameaça contra comunidade LGBTQ+

Na imagem a deputada Erika Hilton que se posicionou contra a Meta e as novas regras que fragilizam comunidade LGBTQ+.
A deputada Erika Hilton posicionou-se contra a Meta e as novas regras que fragilizam a comunidade LGBTQ+.

As alterações da Meta sobre a moderação do discurso de ódio nas suas redes sociais, em particular contra a comunidade LGBTQ+, desencadearam uma onda de críticas em todo o mundo. Especialistas alertam que as mudanças podem colocar a comunidade LGBTQ+ em perigo e criar um impasse com a regulação da União Europeia e do Reino Unido, enquanto vozes influentes pedem investigações internacionais sobre a gigante tecnológica.

Erika Hilton e o apelo à ONU

A deputada brasileira Erika Hilton, conhecida por sua atuação em defesa dos direitos LGBTQ+, levou o debate ao palco global. Hilton apelou às Nações Unidas para que investiguem a Meta e seu CEO, Mark Zuckerberg, por ameaças à comunidade LGBTQ+. A deputada trans explicou que as novas diretrizes criam um ambiente propício para o aumento da violência e da discriminação contra pessoas LGBTQ+, promovendo retrocessos em direitos fundamentais.

A deputada enfatizou que a política deve ser revista urgentemente para proteger vidas e preservar o direito à expressão segura online. “As mudanças de política por grandes corporações como a Meta continuam a colocar em risco as vidas de indivíduos LGBTQIA+”, rematou.

Human Rights Campaign: “Preocupações perturbadoras” face a novas políticas da Meta para a comunidade LGBTQ+

A Human Rights Campaign (HRC), uma das maiores organizações de defesa dos direitos LGBTQ+ nos Estados Unidos, emitiu uma declaração contra as mudanças na Meta. Kelley Robinson, presidente da HRC, expressou sua indignação.

Todas as pessoas devem ser capazes de se envolver e aprender online sem medo de serem alvos ou assediadas. Compreendemos as dificuldades na moderação de conteúdo, mas as alterações anunciadas pela Meta colocam a comunidade LGBTQ+ em perigo, tanto online quanto offline.

Robinson destacou que as novas políticas permitem que pessoas LGBTQ+ sejam intimidadas com base na sua identidade de género ou orientação sexual, enquanto abrem espaço para chamadas à exclusão de pessoas LGBTQ+ dos espaços públicos. A HRC teme um aumento do assédio anti-LGBTQ+ e a supressão de conteúdos que promovem visibilidade e apoio à comunidade. A Meta, que é a empresa mãe do Instagram, Facebook e Threads, enfrentou críticas no início da semana por também ocultar conteúdos LGBTQ+. Esta medida foi atribuída à nova política de “conteúdo sensível”.

Um impasse com a União Europeia e o Reino Unido

Especialistas também alertaram para o potencial conflito entre as mudanças da Meta e as rígidas regulamentações europeias. As novas políticas podem infringir leis da União Europeia e do Reino Unido, que exigem padrões elevados de moderação de conteúdo para proteger grupos vulneráveis. Agências reguladoras europeias já consideram abrir investigações e impor sanções à empresa, caso ela não reavalie suas diretrizes.

A jornalista e Prémio Nobel da Paz Maria Ressa prevê “tempos extremamente perigosos” para o jornalismo, a democracia e as redes sociais. Já Arturo Béjar, um antigo engenheiro da Meta para a segurança infantil, disse que as crianças “estarão cada vez mais expostas a todas as categorias de conteúdo contra as quais precisam ser protegidas”.

Também Valérie Hayer, eurodeputada e líder do grupo centrista Renew Europe no Parlamento Europeu, disse que “a Europa nunca aceitará manipulação e desinformação como padrão para a sociedade. Ao abandonar a verificação de factos nos EUA, a Meta está a comer um profundo erro estratégico e ético.”

O papel da comunidade e do ativismo

Embora as críticas sejam amplas, Robinson enfatiza a importância da resistência comunitária: “Temos um papel a desempenhar ao partilhar nossas histórias, combater a desinformação e apoiar-nos mutuamente nos espaços online”. Essa visão é partilhada por várias organizações que prometem intensificar o monitoramento das plataformas da Meta e oferecer suporte quem enfrente assédio.

O embate sobre as mudanças nas políticas da Meta destaca um dilema mais amplo: como podem – e devem – as grandes plataformas de tecnologia equilibrar a liberdade de expressão e a proteção contra ódio e desinformação? Com a crescente pressão de organizações internacionais, políticas e da sociedade civil, a Meta enfrenta um teste crucial para determinar se as suas ações refletem um compromisso real com os direitos humanos ou uma priorização de lucros em detrimento da segurança de comunidades vulneráveis. Estas novas medidas não são nada promissoras nesse sentido.

Para já, a esQrever permanecerá presente em redes sociais do mundo Meta como o InstagramFacebook ou Threads. Estas mudanças poderão, no entanto, obrigar-nos a ponderar a presença nas mesmas. Também está presentes no Bluesky e no Mastodon, onde poderá garantir uma presença mais segura e colaborativa, preservando o seu compromisso com um ambiente digital mais positivo e inclusivo.



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