A luta contra o apagamento trans em Stonewall: “Não permaneceremos imóveis!”

A luta contra o apagamento trans em Stonewall: "Não permaneceremos imóveis!"

O Monumento Nacional de Stonewall, localizado em Nova Iorque, removeu esta semana a letra “T” do acrónimo “LGBTQ+”, bem como todas as referências a pessoas trans do site oficial. O museu é um marco histórico que simboliza a luta pelos direitos LGBTQ+ nos Estados Unidos.

O Monumento Nacional de Stonewall foi inaugurado pelo Presidente Barack Obama em 2016. Este local é amplamente reconhecido como o “coração simbólico” da comunidade LGBTQ+ de Nova Iorque e marca um ponto de viragem na luta pelos direitos civis dessa comunidade.

Antes da década de 1960, quase tudo relacionado a viver abertamente como uma pessoa LGBTQ+ era ilegal. A Revolta de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969, foi um momento crucial que impulsionou o movimento pelos direitos civis LGBTQ+. Este evento foi liderado por figuras trans proeminentes, como Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera (na imagem acima), cujas contribuições foram fundamentais para o avanço dos direitos LGBTQ+.

A Revolta de Stonewall não teria sido possível sem a liderança de pessoas trans

A remoção da letra “T” e de referências a pessoas trans do site do monumento foi vista como uma tentativa de apagar a história e as contribuições da comunidade trans. A administração do presidente Donald Trump tem sido associada a políticas que procuram reconhecer apenas dois géneros, masculino ou feminino, baseados no género atribuído ao nascimento. Esta medida foi amplamente criticada por diversas organizações e indivíduos.

A National Parks Conservation Association (NPCA), uma organização sem fins lucrativos bipartidária, condenou a alteração, afirmando que o NPS tem a responsabilidade de educar o público sobre a história inclusiva e completa dos Estados Unidos. Timothy Leonard, gerente de programa da NPCA para o Nordeste, declarou: “Apagar letras ou páginas da web não muda a história ou as contribuições de elementos da nossa comunidade transgénero em Stonewall ou em qualquer outro lugar“.

A GLAAD, uma organização de monitoramento de media LGBTQ+, também criticou a decisão, destacando que a Revolta de Stonewall não teria sido possível sem a liderança de pessoas trans. A organização afirmou que a alteração é mais um exemplo das tentativas da administração Trump de discriminar e apagar o legado de americanos transgénero e queer.

Reações e exigências contra o apagamento da comunidade trans em Stonewall

O Stonewall Inn e a iniciativa Stonewall Inn Gives Back também emitiram um comunicado onde exigiram a restauração imediata da palavra “transgénero” no site do Monumento Nacional de Stonewall.

Exigimos a restauração imediata da palavra ‘transgénero’ no site do Monumento Nacional de Stonewall. Não permaneceremos imóveis enquanto os legados das nossas pessoas irmãs transgénero são apagados dos livros de história. O Stonewall Inn e a iniciativa The Stonewall Inn Gives Back Initiative estão em solidariedade inabalável com a comunidade transgénero e com quem luta pela igualdade plena, e não descansaremos até que esta grave injustiça seja corrigida.

A remoção de referências a pessoas trans do site do Monumento Nacional de Stonewall é um lembrete de como a história pode ser reescrita ou apagada. É crucial que a história completa e inclusiva da luta pelos direitos LGBTQ+ seja preservada e reconhecida, honrando as contribuições de todas as pessoas que lutaram por igualdade e justiça. A comunidade trans desempenhou um papel vital na Revolta de Stonewall e continua – e continuará sempre – a ser uma parte integral do movimento pelos direitos LGBTQ+.



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