
De 24 a 26 de abril, o Cinema São Jorge volta a receber o Festival Política, que celebra em 2025 a sua 9.ª edição em Lisboa. Este ano, o evento cruza as comemorações do 25 de Abril com a reflexão sobre as “Revoluções em Curso”, tema que marca a programação e assinala os 50 anos do PREC e das primeiras eleições livres em Portugal.
Durante três dias, o maior festival gratuito dedicado aos direitos humanos e cidadania reúne 25 atividades que incluem cinema, humor, poesia, música, debates, performances e exposições. Todas as sessões têm interpretação em Língua Gestual Portuguesa e legendas em Português, promovendo o acesso e a inclusão.
Cultura e política de mãos dadas
O festival abre espaço ao cinema nacional e internacional, com destaque para o documentário “Onde está o Zeca?”, de Tiago Pereira, sobre o legado de Zeca Afonso. A exibição acontece durante os dias do festival, no Cinema São Jorge.
Também se destacam as longas “Por ti, Portugal, eu juro!”, de Diogo Cardoso e Sofia da Palma Rodrigues, e as sessões de curtas de vários países, como Canadá, Ucrânia, Guiné-Bissau e Camboja.
No humor, a comediante Beatriz Gosta apresenta-se a 26 de abril, às 21h30, na Sala Manoel de Oliveira, num formato inédito onde junta feminismo, crítica social e humor ácido. Uma atuação especialmente pensada para o festival, onde o seu espetáculo “RESORT” cruza palco com inquietações atuais.
A música também marca presença com a Noite de Revolução – nova geração do hip-hop, com curadoria de Rainner Brito, a 24 de abril. Um espetáculo único com os artistas Vilson, Vanessa Parish Crooks e Santos, Só, que celebram o rap, soul e poesia em véspera de 25 de Abril.
Destaques LGBTQ+ do Festival Política
A sessão “Maiores de 18”, a 26 de abril, às 23h, na Sala 3, apresenta curtas que abordam realidades LGBTQ+ de forma crua e necessária:
- “A culpa é da água” (Portugal, 5’), sobre Gisberta, mulher trans imigrante e vítima de violência brutal.
- “Cruising” (Turquia, 7’), de Nadir Sonmez, retrata a cultura do sexo gay ao ar livre num parque de Istambul.
- “Rainbow Nation” (África do Sul e Bélgica, 25’), de Marieke Dermul, mostra o contraste entre a Constituição sul-africana e a violência vivida diariamente por pessoas queer.
- “Les filles c’est fait pour faire l’amour” (França, 16’), animação sobre sexualidade, normas de género e emancipação feminina.
Os filmes são legendados em Português.
Estas obras afirmam-se como instrumentos de resistência, memória e denúncia num mundo onde os direitos continuam a ser postos em causa.
Mulheres em foco
Também a 26 de abril, às 16h, na Sala 3, decorre a sessão “Mulheres que lutam”, com quatro curtas que abordam os direitos das mulheres:
- “Presence” (Irão, 1’), sobre a invisibilização das mulheres.
- “Message” (Irão, 9’), retrata uma repórter a tentar superar as limitações da guerra em Gaza.
- “Cautivas” (Espanha, 20’), denuncia a criminalização do aborto em El Salvador.
- “Els buits” (Espanha, 20’), recupera a história de Mariona, presa num centro de correção para “mulheres desviadas” no regime franquista.
Esta é uma sessão que cruza histórias pessoais com questões estruturais e políticas.
Um espaço para pensar e agir
O Festival Política continua a promover o diálogo cívico com iniciativas como o encontro “Cara-a-cara com deputadas e deputados”, onde participantes podem, durante cinco minutos, conversar individualmente com representantes da área política.
A oficina “O digital é político”, promovida pela Associação Literacia para os Media e Jornalismo, e o debate “Novos tempos, novas resistências?”, com curadoria de António Brito Guterres, completam uma programação virada para o presente e futuro dos direitos sociais e humanos.
Exposições para ver
De 24 a 26 de abril, o Cinema São Jorge acolhe várias exposições:
- “Portugal em 1975 – Entre a revolução e a mudança”, fotografia de Marques Valentim
- “50 Anos das Primeiras Eleições Livres em Portugal”
- “Barómetro da Imigração: a perspetiva dos portugueses”
- “O que sopra aqui, hoje”, fotografia de Zenha Preto
De entrada livre, o Festival Política volta a afirmar-se como espaço de escuta, criação e ativismo. Uma oportunidade para celebrar a democracia, refletir sobre o presente e imaginar futuros mais justos, diversos e inclusivos.
A programação completa pode ser verificada no site do festival.


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