Teatro: “A Última Carta ao Meu Pai”, de Peter Pina, é uma ponte para o perdão

Teatro: “A Última Carta ao Meu Pai”, de Peter Pina, é uma ponte para o perdão

A morte deixa sempre perguntas por responder, palavras por dizer. É esse o ponto de partida de A última carta ao meu pai, a nova criação de Peter Pina, que sobe ao palco do Auditório Carlos Paredes nos dias 8, 9 e 10 de maio.

Com texto e interpretação do próprio autor, esta peça de teatro é um mergulho profundo em temas que atravessam todas as vidas: amor, abandono, culpa e, sobretudo, reconciliação. A narrativa acompanha um homem que, após a morte do pai, procura libertar-se da dor através da escrita de uma última carta — uma tentativa de construir paz onde antes havia silêncio.

Quase biográfica, esta criação é também uma homenagem à coragem de perdoar. Nos seus fragmentos de memórias, Peter Pina expõe as feridas abertas pelo que ficou por dizer. Mas é nesse confronto com o passado que se revela o poder transformador da verdade e a urgência de se viver com autenticidade.

A peça não se limita ao plano pessoal. É, também, uma metáfora para os sistemas que nos moldam e para os labirintos que atravessamos enquanto pessoas, muitas vezes em busca de aceitação e sentido. Convida-nos a pensar o tempo, o espaço e até as relações familiares como territórios a serem revistos e reimaginados.

Depois de trabalhos como Abraça-me e A Culpa, Peter Pina apresenta aqui uma obra emocionalmente crua, sensível e provocadora. Uma peça que pode tocar especialmente quem viveu o peso do silêncio, a ausência de reconhecimento ou o desejo de construir pontes — mesmo quando parece tarde demais.

A complexidade das famílias reais em palco

Numa altura em que tanto se fala de “valores da família” para excluir e silenciar quem não se encaixa em modelos normativos, A última carta ao meu pai oferece uma outra visão: a de que as famílias são feitas de relações humanas complexas, marcadas por dor, amor e tentativas — muitas vezes falhadas — de comunicação.

Esta peça lembra-nos que o silêncio pode ser tão violento quanto a rejeição, e que o perdão não é esquecimento, mas sim a escolha consciente de se viver com verdade. Para quem cresceu sem se sentir plenamente visto por figuras parentais, este espetáculo pode ser um lugar de espelho, de catarse, ou até de cura.

A última carta ao meu pai não é apenas uma despedida. É um assim ato de resistência emocional. Um abraço tardio. Uma celebração do direito a sentir.

A peça sobe a palco nos dias 8, 9 e 10 de maio e os bilhetes já estão à venda a partir de 10€ na bilheteira do Auditório Carlos Paredes e na Ticketline.

Não percas! 🎭



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