
No dia 17 de maio, assinala-se o Dia Internacional e Nacional da Luta Contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia. Em Coimbra, a data será marcada com a 16ª Marcha Contra a Transfobia e Homofobia, organizada pela Plataforma Anti-Transfobia e Homofobia de Coimbra, sob o mote “Ser Queer é Resistir”.
A concentração está marcada para as 17h no Jardim do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, com início da marcha às 17h30. O percurso segue pela zona da Portagem e termina na Praça 8 de Maio, onde será feita a leitura do Manifesto, com interpretação em Língua Gestual Portuguesa.
A marcha será seguida de dois momentos de convívio: uma matinée e mercadinho queer às 19h, e a já tradicional Festa da Marcha, às 22h, ambos no espaço Atelier A Fábrica.
“Aqui em Coimbra, mudam-se os tempos, mas ainda há quem tenha medo de ser”
O Manifesto da Marcha sublinha o contexto social e político de retrocesso nos direitos LGBTQIA+ e questiona “que ideais têm guiado as nossas sociedades, seja em Coimbra, em Portugal, ou no mundo, nestes últimos anos? Foram os ideais do amor? De empatia?“
O Manifesto denuncia também a invisibilidade forçada que muitas pessoas LGBTQIA+ vivem em Coimbra. “É necessário continuarmos a ser invisíveis no dia-a-dia, por medo que a nossa identidade de género ou quem amamos nos façam perder o nosso emprego ou afetem a nossa prestação escolar.”
O texto expõe ainda as dificuldades no acesso à saúde e à educação inclusiva. Refere tempos de espera superiores a nove ou doze meses nas áreas de sexologia, endocrinologia ou psicologia. Alerta para a remoção de materiais pedagógicos inclusivos nas escolas e o consequente aumento de violência e bullying.
Num tom crítico, aponta-se também o impacto das redes sociais na disseminação de discursos de ódio e na normalização da ignorância. “A vida das pessoas LGBTQIA+ é real, não é um debate, nem um sketch do João Baião.”
Juntas, na rua e na resistência
O Manifesto termina com um apelo à união, à empatia e à ação coletiva:
“Nenhuma de nós consegue mudar o mundo sozinhas, mas passo a passo, de mãos juntas é possível mudar mentalidades, porque “esta é a nossa Hora, enquanto não largarmos a mão, não passarão. Sejam irreverentemente queer.”
A Marcha de Coimbra continua a afirmar-se como espaço de resistência, memória e futuro. Porque, como diz o Manifesto, “ser queer é mudar os tempos juntas, sempre foi sobre mudar vontades juntas, porque ser queer é resistir.”

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