
Supriya Ganesh, conhecida pelo papel de Dr.ª Samira Mohan na aclamada série The Pitt, assumiu-se recentemente como pessoa queer. Num gesto de visibilidade e afirmação, partilhou no Instagram os seus pronomes she/they, aprofundando numa entrevista à Variety o significado dessa escolha: “É um reflexo da minha relação com a minha própria identidade queer, assim como com a minha experiência enquanto pessoa racializada.”
Criada por Mira Nair, The Pitt tem sido elogiada pela crítica pela forma como cruza drama médico com questões sociais complexas, incluindo migração, identidade e saúde mental. A série acompanha um grupo de profissionais num hospital universitário em Pittsburgh, com especial foco nas suas histórias pessoais, vivências culturais e tensões sociais. A personagem de Ganesh, uma médica brilhante de origem sul-asiática, tornou-se rapidamente uma das favoritas do público.
A história de vida de Supriya Ganesh
Nascida nos Estados Unidos, Ganesh mudou-se para a Índia com apenas três anos. Foi apenas ao regressar aos Estados Unidos que sentiu o choque das normas rígidas de género. “Na Índia existe o reconhecimento de um terceiro género”, explicou. “Há um pouco mais de fluidez na forma como homens e mulheres se apresentam.” Esse contraste levou-a a questionar o que descreve como uma perceção da feminilidade moldada por uma visão branca e ocidental.
Apesar de muitas vezes apresentar uma expressão de género feminina, Ganesh nem sempre se sente alinhada com essas expectativas normativas. A decisão de partilhar os seus pronomes também surgiu da inspiração que encontrou em Lily Gladstone — atriz indígena norte-americana com herança Blackfeet e Nez Perce — que usa igualmente os pronomes she/they, em reconhecimento das pessoas de terceiro género e two-spirit.
“Percebi que não precisava de me encaixar num molde”
“Foi um momento em que me senti realmente vista. Percebi que não precisava de me encaixar totalmente num molde. Mesmo identificando-me fortemente com a feminilidade, isso não significa que me identifique com uma ideia ocidental do que é ser mulher”, partilhou Ganesh.
A atriz afirmou ainda que esta visibilidade é também um gesto de reconhecimento comunitário: “É quase como dizer ‘Ei, sou queer. Vejam-me.’ Passo bem por hétero e cis, mas quero que mulheres racializadas queer olhem para mim e saibam que sou alguém com quem se podem identificar.”
A afirmação pública de Supriya Ganesh reforça a importância da representação e da diversidade dentro e fora dos ecrãs. Num momento em que continuam os ataques à expressão de género e à existência queer, esta visibilidade não é apenas um gesto pessoal — é também profundamente político.

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