Direitos das mulheres, da comunidade LGBTI+ e de pessoas com deficiência: HRW denuncia apagão em relatório de Trump

Direitos das mulheres, da comunidade LGBTI+ e de pessoas com deficiência: HRW denuncia apagão em relatório de Trump

A Human Rights Watch (HRW) denunciou que o mais recente relatório anual de direitos humanos do Departamento de Estado dos Estados Unidos omite de forma sistemática referências a violações contra mulheres, pessoas LGBTI+ e com deficiência — secções que historicamente faziam parte do documento.

Sarah Yager, diretora da HRW em Washington, descreveu o relatório como “um exercício de branqueamento e engano” que apaga categorias inteiras de abusos e minimiza as violações cometidas por países aliados da administração Trump. O documento relativo a 2024 retirou críticas a El Salvador, Israel e Rússia, ao mesmo tempo que manteve ou aumentou a censura a países considerados rivais, como Brasil e África do Sul.

Entre as alterações mais graves está a eliminação de referências à violência de género, à discriminação contra pessoas LGBTI+ e com deficiência, bem como a corrupção governamental e restrições à liberdade de reunião pacífica. Para a HRW, esta revisão seletiva reduz o relatório aos requisitos legais mínimos, mas falha em refletir a realidade das violações de direitos humanos a nível global.

Relatório desresponsabiliza governos abusivos

O impacto é profundo: o Congresso norte-americano perde um instrumento abrangente e fiável para monitorizar a política externa dos EUA, dificultando a responsabilização de governos abusivos. Além disso, a omissão de dados prejudica a proteção de requerentes de asilo, incluindo pessoas LGBTI+, e fragiliza a luta internacional contra o autoritarismo.

A HRW sublinha ainda que o relatório ignora deslocações forçadas de palestinianos em Gaza, a utilização da fome como arma de guerra e a privação deliberada de serviços essenciais, ações que classifica como crimes de guerra e crimes contra a humanidade. No caso de El Salvador, o documento afirma não haver “relatos credíveis de abusos significativos” — ignorando as críticas internacionais à prisão de segurança máxima de Cecot, para onde os EUA enviam migrantes.

Ainda em março passado, Andry Hernandez Romero foi preso em El Salvador, num centro de alta segurança, por ser gay, migrante e ter duas coroas tatuadas. Só recentemente, e após meses de luta, foi libertado e enviado para El Salvador.

Relatório de Trump sobre direitos humanos transformado em arma política

A manipulação do relatório não surge isolada. Desde o início de 2025, várias fontes internas e organizações alertaram para o plano de suprimir secções dedicadas a direitos das mulheres, LGBTI+ e pessoas com deficiência. Segundo a HRW, este apagão intencional transforma um documento historicamente usado para apoiar o movimento global de direitos humanos numa arma política, que suaviza a imagem de autocratas e apaga vítimas de violações graves.

Para a comunidade internacional, e em particular para movimentos feministas e LGBTI+, a omissão não é apenas simbólica — é uma tentativa de reescrever a realidade, apagando lutas e conquistas que ainda estão longe de estar garantidas.


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