O Diabo Veste Prada 2: vinte anos depois, o mundo mudou… e Miranda também

O Diabo Veste Prada 2: vinte anos depois, o mundo mudou... e Miranda também

Uma sequela? Para a primavera? Inovador...

Vinte anos depois do fenómeno de 2006, O Diabo Veste Prada regressa ao grande ecrã. A Runway continua elegante, mas o mundo à sua volta mudou. O novo filme chega a 1 de maio de 2026 e traz de volta Meryl Streep, Anne Hathaway, Emily Blunt e Stanley Tucci. A realização volta a ser de David Frankel e o argumento é novamente de Aline Brosh McKenna.

O ponto de partida mantém o sabor clássico: Miranda Priestly (Streep) enfrenta o declínio da imprensa em papel. Emily Charlton (Hathaway), antes assistente fiel, regressa como executiva rival. As duas disputam receitas de publicidade num mercado que já não perdoa distrações. Enquanto Miranda aproxima-se da reforma, Emily quer mostrar que pertence ao topo. O conflito nascerá desta mudança de forças.

O legado do livro e do filme originais

O livro de Lauren Weisberger chegou em 2003 e mostrou o impacto emocional de trabalhar num ambiente onde o luxo convive com exigência extrema. A adaptação de 2006 transformou esse universo num fenómeno global. Meryl Streep criou uma das figuras mais marcantes do cinema recente. Anne Hathaway deu humanidade ao papel de Andy. O filme tornou-se referência cultural.

Não, não… isso não foi uma pergunta.

O público LGBTQ+ abraçou o estilo, o humor e o subtexto camp da história. A Runway oferecia glamour, drama e uma porta entreaberta para um mundo onde a estética dizia tanto como o poder.

O teaser de O Diabo Veste Prada 2 reacende memórias

No teaser agora apresentado podemos escutar Vogue, de Madonna, enquanto uns sapatos percorrem agitados corredores de um escritório. A escolha não é inocente. No primeiro filme ouvimos Jump, também de Madonna, durante a transformação de Andy. O uso de Vogue cria uma ponte clara entre passado e presente, relembrando o impacto visual do original. Com foco apenas nos sapatos estilizados, a moda continua aqui central, mesmo que o mundo já não seja o mesmo.

Podes soletrar ‘Gabbana’, por favor?

O momento mais forte do teaser acontece no elevador cujos sapatos de Miranda caminhavam. Mesmo antes da porta se fechar, surge a mão de Emily que o impede e entra também no elevador. Miranda dá um passo para o lado e deixa espaço. O gesto é pequeno, mas pleno de simbolismo. É uma cedência estratégica numa guerra silenciosa. É também o reconhecimento de que a sua antiga assistente ocupa agora lugar próprio. O olhar de Emily mostra ambição. O de Miranda, por trás de uns óculos escuros, cálculo. O elevador torna-se metáfora de poder em movimento.

Um conflito adaptado ao presente

O enredo encara as mudanças reais da indústria das publicações de moda. As revistas lutam pela sobrevivência enquanto as receitas diminuem. A atenção dispersa-se no digital e Miranda representa a era em que as revistas moldavam o gosto global. Emily, por outro lado, simboliza o futuro acelerado, guiado por métricas, marcas e novas linguagens. A tensão entre ambas reflete o choque entre tradição e inovação.

O regresso de O Diabo Veste Prada acontece numa época em que debatemos trabalho, excesso, burnout e poder. A história pode agora explorar temas que ganharam peso nos últimos 20 anos. Fala-se mais sobre liderança, ética no trabalho e ambientes tóxicos. A Runway já não pode existir num vácuo glamoroso.

O subtexto queer em Devil Wears Prada

Para muitas pessoas LGBTQ+, o filme original foi espaço de escapismo e identificação. Esta sequela poderá oferecer novas leituras sobre ambição feminina, relações profissionais queer-coded e sobrevivência em estruturas rígidas. Poderá também reforçar o que o primeiro já mostrava: o estilo pode ser arma, escudo e linguagem política.

Encontra-me aquele pedaço de papel que tinha na mão ontem de manhã.

O teaser indica que o novo capítulo não imita apenas o passado, mas que quer antes dialogar com ele. Quer, sim, olhar para o glamour com menor inocência e maior consciência. Se o primeiro filme captou o auge das revistas, este poderá capturar o seu crepúsculo. O gesto de Miranda no elevador resume esta transição: um império desloca-se ligeiramente para abrir espaço. O futuro entra, mesmo que Miranda não queira.

No fim, fica a pergunta que o teaser deixa no ar: num mundo em mudança, quem dita agora as regras? Miranda talvez já saiba — e talvez não goste da resposta.

No dia 1 de maio de 2026, data de estreia do filme, saberemos as respostas. É tudo…?


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