
Kate Winslet falou de forma aberta e inédita sobre as suas primeiras experiências íntimas com mulheres, num registo raro de franqueza pessoal.
As declarações foram feitas durante uma conversa no Team Deakins, onde refletiu sobre o início da sua carreira e a forma como experiências de vida moldaram o seu trabalho.
Antes de se tornar uma das atrizes mais respeitadas da sua geração, Winslet teve o primeiro grande destaque no filme queer Heavenly Creatures (“Amizade sem limites” em Portugal; “Almas Gêmeas” no Brasil), realizado por Peter Jackson.
O filme, baseado no caso real Parker–Hulme, acompanha a relação intensa entre Pauline e Juliet, duas adolescentes cuja ligação emocional se torna profundamente obsessiva.
Winslet interpretou Juliet, ao lado de Melanie Lynskey, numa performance que a crítica descreveu como perturbadora e magnética. Décadas depois, a atriz reconhece que aquela história lhe era intimamente compreensível.
O impacto de Heavenly Creatures

“Vou partilhar algo que nunca partilhei antes. Algumas das minhas primeiras experiências íntimas, quando era uma adolescente muito jovem, foram com raparigas”, revelou. Acrescentou ainda: “Beijei algumas raparigas e também alguns rapazes, mas não estava particularmente desenvolvida em nenhuma das direções.”
Winslet explicou que, nessa fase, a curiosidade era central, mais do que qualquer definição identitária. “Era certamente curiosa”, afirmou, sublinhando que essa abertura emocional foi determinante para compreender a personagem.
“Acho que havia algo naquela ligação realmente intensa entre aquelas duas jovens que eu compreendia profundamente”, disse. Segundo a atriz, essa identificação emocional facilitou uma entrega imediata ao universo do filme.
Ao mesmo tempo, reconheceu o lado sombrio dessa relação. “Fui imediatamente sugada para o vórtice daquele mundo em que elas viviam, que acabou por se tornar horrivelmente prejudicial para ambas”, explicou.
Winslet destacou ainda as fragilidades das personagens. “Elas tinham inseguranças e vulnerabilidades enormes”, acrescentou, ligando essas fragilidades à intensidade emocional retratada no filme.
Kate Winslet sobre a representação queer e uma carreira marcada pela diversidade
Desde Heavenly Creatures, Winslet construiu uma carreira sólida, diversa e amplamente premiada. Destacam-se filmes como Titanic, Sensibilidade e Bom Senso, Eternal Sunshine of the Spotless Mind, ou a série Mare of Easttown.

Em 2020, voltou a uma narrativa queer com Ammonite, um romance sáfico protagonizado ao lado de Saoirse Ronan. O filme foi discutido pelo seu olhar contido e intimista sobre o desejo entre mulheres.
Winslet tem sublinhado repetidamente a importância de normalizar estas histórias no cinema. Para a atriz, o problema não é a existência de poucos filmes queer, mas o peso excessivo colocado sobre cada um.
“É preciso haver mais filmes LGBTQ+, para que não sintamos a compulsão de comparar os poucos que existem. Isso é completamente absurdo”, afirmou numa entrevista à Harper’s BAZAAR UK.
Entre experiência pessoal e posicionamento político
As palavras de Kate Winslet cruzam vivência pessoal, memória profissional e posicionamento político. Ao falar das suas experiências íntimas precoces, a atriz não reivindica rótulos, mas normaliza a curiosidade e a fluidez.
Ao mesmo tempo, denuncia um sistema que continua a penalizar pessoas queer pela sua autenticidade.
Num contexto de crescente hostilidade contra a diversidade, estas declarações ganham peso político e cultural. Não como confissão sensacionalista, mas como gesto consciente de solidariedade e responsabilidade pública.
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