Kate Winslet fala sobre as primeiras experiências íntimas: “Beijei algumas raparigas e beijei alguns rapazes”

Kate Winslet fala sobre as primeiras experiências íntimas: “Beijei algumas raparigas e beijei alguns rapazes"

Kate Winslet falou de forma aberta e inédita sobre as suas primeiras experiências íntimas com mulheres, num registo raro de franqueza pessoal.
As declarações foram feitas durante uma conversa no Team Deakins, onde refletiu sobre o início da sua carreira e a forma como experiências de vida moldaram o seu trabalho.

Antes de se tornar uma das atrizes mais respeitadas da sua geração, Winslet teve o primeiro grande destaque no filme queer Heavenly Creatures (“Amizade sem limites” em Portugal; “Almas Gêmeas” no Brasil), realizado por Peter Jackson.

O filme, baseado no caso real Parker–Hulme, acompanha a relação intensa entre Pauline e Juliet, duas adolescentes cuja ligação emocional se torna profundamente obsessiva.

Winslet interpretou Juliet, ao lado de Melanie Lynskey, numa performance que a crítica descreveu como perturbadora e magnética. Décadas depois, a atriz reconhece que aquela história lhe era intimamente compreensível.

O impacto de Heavenly Creatures

Kate Winslet e Melanie Lynskey em Heavenly Creatures (1994).
Kate Winslet e Melanie Lynskey em Heavenly Creatures (1994).

Vou partilhar algo que nunca partilhei antes. Algumas das minhas primeiras experiências íntimas, quando era uma adolescente muito jovem, foram com raparigas”, revelou. Acrescentou ainda: “Beijei algumas raparigas e também alguns rapazes, mas não estava particularmente desenvolvida em nenhuma das direções.”

Winslet explicou que, nessa fase, a curiosidade era central, mais do que qualquer definição identitária. “Era certamente curiosa”, afirmou, sublinhando que essa abertura emocional foi determinante para compreender a personagem.

Acho que havia algo naquela ligação realmente intensa entre aquelas duas jovens que eu compreendia profundamente”, disse. Segundo a atriz, essa identificação emocional facilitou uma entrega imediata ao universo do filme.

Ao mesmo tempo, reconheceu o lado sombrio dessa relação. “Fui imediatamente sugada para o vórtice daquele mundo em que elas viviam, que acabou por se tornar horrivelmente prejudicial para ambas”, explicou.

Winslet destacou ainda as fragilidades das personagens. “Elas tinham inseguranças e vulnerabilidades enormes”, acrescentou, ligando essas fragilidades à intensidade emocional retratada no filme.

Kate Winslet sobre a representação queer e uma carreira marcada pela diversidade

Desde Heavenly Creatures, Winslet construiu uma carreira sólida, diversa e amplamente premiada. Destacam-se filmes como Titanic, Sensibilidade e Bom Senso, Eternal Sunshine of the Spotless Mind, ou a série Mare of Easttown.

Kate Winslet e Saoirse Ronan em Ammonite (2020).
Kate Winslet e Saoirse Ronan em Ammonite (2020).

Em 2020, voltou a uma narrativa queer com Ammonite, um romance sáfico protagonizado ao lado de Saoirse Ronan. O filme foi discutido pelo seu olhar contido e intimista sobre o desejo entre mulheres.

Winslet tem sublinhado repetidamente a importância de normalizar estas histórias no cinema. Para a atriz, o problema não é a existência de poucos filmes queer, mas o peso excessivo colocado sobre cada um.

É preciso haver mais filmes LGBTQ+, para que não sintamos a compulsão de comparar os poucos que existem. Isso é completamente absurdo”, afirmou numa entrevista à Harper’s BAZAAR UK.

Entre experiência pessoal e posicionamento político

As palavras de Kate Winslet cruzam vivência pessoal, memória profissional e posicionamento político. Ao falar das suas experiências íntimas precoces, a atriz não reivindica rótulos, mas normaliza a curiosidade e a fluidez.

Ao mesmo tempo, denuncia um sistema que continua a penalizar pessoas queer pela sua autenticidade.

Num contexto de crescente hostilidade contra a diversidade, estas declarações ganham peso político e cultural. Não como confissão sensacionalista, mas como gesto consciente de solidariedade e responsabilidade pública.


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