
Ontem decorreu no Parque da Belavista, o concerto dos Queen com Adam Lambert que juntou 74 mil pessoas no recinto e muitas vozes de apreço ao carisma do cantor norte-americano num papel impossível: de fazer a vez do iconográfico Freddie Mercury. Contudo, nem todos ficaram rendidos a Lambert e a esta versão dos Queen. Uns, legitimamente, por divergências artísticas e de gosto pessoal. Outros por pura homofobia. Foi o caso do jornalista do Expresso, Filipe Santos Costa. Rotineiramente escreve sobre política nacional, mas ontem nas redes sociais parecia estar a candidatar-se a uma posição no Sol com estes inúmeros piscar de olhos a José António Saraiva.
Assim começou no Twitter:

“Bicha”. Mesmo que o Adam Lambert nunca tivesse dado provas de que não precisava de ir a um casting do teor absurdamente ofensivo que Filipe Santos Costa subentende, reduzi-lo a um estereótipo era já por si mau demais. Mas ele decidiu ir mais longe e rotular o cantor com uma das mais vulgares ofensas que se pode atribuir a uma pessoa LGBT. Porque não paneleiro?
O vómito hemorrágico de homofobia continuou durante o concerto. E assim rematou:

Aqui decide também denegrir a imagem de Freddie Mercury ao apelidá-lo de “senhora”, expressão que tem um carácter histórico em Portugal. No entanto, é um caso óbvio de homofobia, aqui acrescida de misoginia, porque apelidar alguém de “senhora” é, para ele, obviamente ofensivo. Uma espécie de intolerância chauvinista ao quadrado para alguém que está desesperado em afirmar a sua virilidade. No final até fala do Benfica, uma espécie de escarrar no chão para não existirem outras leituras possíveis deste discurso de ódio.
Filipe Santos Costa queria, naturalmente, ser engraçado. Como aqueles bullies que humilham os colegas mais efeminados nas aulas de Educação Física para enaltecerem o seu ego. Não é capaz de pegar num assunto como o concerto de ontem dos Queen como um verdadeiro comediante, o caso de João Quadros:
Pois é Filipe, existe a possibilidade de se ser jocoso e cáustico sem ser desprezivelmente ofensivo. Mas nem todos podemos ser jornalistas e comediantes, não é João Miguel Tavares?
Atualização 30 julho 2019:
Jornalistas do Expresso aprovaram hoje alterações ao seu Código de Conduta com vista à sua adaptação às redes sociais, nomeadamente para “respeitar a privacidade, vida familiar, casa, saúde e correspondência” de qualquer pessoa. Estas são medidas que seguem outros exemplos como a BBC, Reuters ou NYT. Ora, um dos únicos dois votos contra estas medidas veio precisamente do jornalista Filipe Santos Costa que outrora teceu comentários homofóbicos contra Adam Lambert. Quem diria…
Imagem de Queen Online.
Obrigado ao Ricardo pela dica.

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