Bolsonaro insiste na existência de um ‘kit gay’ e seminário LGBT infantil

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Fui contra um kit feito pelo então ministro da Educação Haddad, em 2009, onde chegaria às escolas um conjunto de livros, cartazes e filmes que passariam crianças trocando afetos e meninos a beijar-se. E deixo bem claro que isto tudo aconteceu por ocasião do 9º Seminário LGBT Infantil na Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

O Presidente eleito Jair Bolsonaro voltou assim a falar sobre a existência de um ‘kit gay’ e seminário LGBT infantil em nova entrevista. O problema? Nada disto é verdade.

Batizado de “kit gay” pelo próprio Bolsonaro, o projeto ao qual se refere fazia parte da iniciativa Escola sem Homofobia, que, por sua vez, estava dentro do programa Brasil sem Homofobia, do governo federal, em 2004. Este projeto, elaborado por profissionais de educação e representantes da sociedade civil, focava-se na formação de pessoal educador e não na distribuição do referido material para alunos e alunas. O programa não chegou sequer a ser colocado em prática.

Quanto ao alegado seminário, não ocorreu na Câmara dos Deputados, em novembro de 2010, nenhum evento chamado “9º Seminário LGBT Infantil”. Em maio de 2012, foi organizado o “9º Seminário LGBT no Congresso Nacional” com o lema “Todas as infâncias são esperança”. Especialistas em direito, educação, sexualidade, psicologia e cultura participaram do seminário. Nesse ano o seminário focou-se “na infância e a adolescência de meninos e meninas que sofrem bullying e violência doméstica por escapar aos papéis de género definidos pela sociedade.

A leviandade e a desonestidade com que o Presidente eleito do Brasil encara estas questões denunciam os seus propósitos: perpetuar mentiras e criar um desconforto claro na população sobre estes temas, ganhando-lhes assim a proximidade e o voto. A desinformação, aliada ao preconceito, é um dos maiores obstáculos que a população LGBTI tem quando tenta passar a sua mensagem de integração, visibilidade e orgulho. Quando esta é alimentada pelos líderes políticos de um País o desafio torna-se assim muito maior. Há pois que insistir naquilo que nos une: as nossas identidades.

Fonte: O Globo.

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