Estudo associa aumento de tentativas de suicídio a terapias de conversão de pessoas trans

A exposição a terapias de conversão de identidade de género durante a infância aumenta em quatro vezes as tentativas de suicídio ao longo da vida.”

Um novo estudo publicado na revista científica JAMA Psychiatry descobriu que a exposição a tentativas por profissionais de saúde de mudar a identidade de género de uma pessoa de transgénero para cisgénero está associada a uma série de resultados adversos à sua saúde mental, incluindo tentativas de suicídio.

O estudo acredita-se ser o primeiro a mostrar uma associação entre exposição a esforços na conversão da identidade de género e saúde mental adversa resultados entre adultos trans nos Estados Unidos da América. O estudo também se baseia em trabalhos anteriores publicados no mês passado pela mesma equipa onde é documentada a prevalência generalizada (13,5%) entre a população trans dos EUA de ter experimentado esforços de conversão de identidade de género por terapeutas, conselheiros e conselheiros religiosos.


A taxa de tentativas de suicídio entre pessoas trans nos Estados Unidos é extremamente elevada, com 41% a relarar que tiveram essa experiência“, disse o Dr. Alex Keuroghlian, autor sénior do estudo que dirige o Centro Nacional de Educação em Saúde LGBT da O Instituto Fenway e o Programa de Identidade de Género em Psiquiatria do Hospital Geral de Massachusetts. “O que este novo estudo mostra é que as pessoas trans que são expostas a esforços de conversão têm mais do dobro das probabilidades de tentar o suicídio, em comparação com aquelas que nunca experimentaram qualquer tipo de terapia de conversão“.


Os resultados do estudo apoiam as recomendações da Associação Americana de Psiquiatria, da Associação Médica Americana, da Academia Americana de Psiquiatria da Criança e do Adolescente e da Academia Americana de Pediatria que aconselham prestadores de cuidados de saúde a perceber que os esforços de conversão de identidade de género em qualquer idade são prejudiciais.


A exposição ao longo da vida a terapias de conversão de identidade de género foi associada a uma ampla gama de resultados adversos à saúde mental, incluindo pensamentos suicidas nos 12 meses anteriores e sofrimento psicológico grave no mês anterior. Além disso, as associações com resultados adversos à saúde mental mantiveram-se se a pessoa que conduziu os esforços de conversão era terapeuta secular ou um conselheira religiosa.


Uma das descobertas mais alarmantes deste estudo foi a associação entre a exposição aos esforços de conversão de identidade de género durante a infância e o risco quatro vezes maior de tentativas de suicídio ao longo da vida“, disse o Dr. Jack Turban, médico residente em psiquiatria do Massachusetts General Hospital, do McLean Hospital e principal autor do estudo. “Isso é importante porque alguns especialistas continuam a defender esforços de conversão de identidade de género para crianças jovens. Esperamos que nossas descobertas contribuam para os esforços legislativos em andamento para proibir os esforços de conversão de identidade de género.


O estudo utiliza dados da Pesquisa de Transgéneros nos EUA de 2015, conduzida pelo Centro Nacional para a Igualdade de Transgéneros, e inclui respostas de mais de 27.000 pessoas trans nos EUA. A sua publicação ocorre um mês após o The American Journal of Public Health ter publicado um estudo que mostrou que quase 200.000 pessoas trans de todos os estados dos EUA foram expostas a esforços de conversão de identidade de género.

Linhas de Apoio e de Prevenção do Suicídio em Portugal

Linha LGBTI+ da ILGA Portugal
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(entre as 15h30 e as 00h30)
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Linha de Prevenção do Suicídio
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Escutar – Voz de Apoio – Gaia
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225 506 070

SOS Estudante
(20h00 à 1h00)
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Vozes Amigas de Esperança
(20h00 às 23h00)
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Centro Internet Segura
800 219 090

Fonte: Fenway Health.



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Respostas de 2 a “Estudo associa aumento de tentativas de suicídio a terapias de conversão de pessoas trans”

  1. […] As chamadas terapias de conversão em Portugal foram um tema abstrato para muita gente até surgirem terapeutas que as defenderam na sua prática clínica, Maria José Vilaça e afins. Estas foram denunciadas e questionámo-nos se, tal como noutros países, não fará sentido implementar leis em Portugal que proíbam este tipo de práticas. Recordamos também que a própria ONU já apelou em 2020 a proibição global destas pseudo-terapias devido às consequências nefastas nas pessoas LGBTI que a elas são sujeitas. […]

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  2. […] em setembro passado um estudo mostrou uma ligação entre tentativas de suicídio e “terapia de conversão”. A (pseudo)terapia de conversão é uma violenta prática, medicamente desacreditada, que procura […]

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