Após Emma Watson ter afirmado já em 2018 que “Os Direitos das Pessoas Trans são Direitos Humanos“, Daniel Radcliffe, o protagonista da saga Harry Potter, respondeu aos controversos tweets transfóbicos partilhados pela autora J.K. Rowling esta semana.
“Mulheres trans são mulheres“, escreveu Radcliffe num ensaio publicado no site do Trevor Project, uma organização sem fins lucrativos dedicada à intervenção em crises e prevenção de suicídio para pessoas LGBTI. “Qualquer declaração em contrário apaga a identidade e a dignidade das pessoas trans e vai contra todos os conselhos dados por associações profissionais de saúde que têm muito mais conhecimento sobre esse assunto do que Jo ou eu.“
O ator de 30 anos citou que 78% dos e das jovens trans e não binárias relataram que foram discriminadas devido à sua identidade de género.
“Está claro que precisamos fazer mais para apoiar pessoas trans e não binárias, não invalidar asmsuas identidades e não causar mais danos“, escreveu Radcliffe.
“J.K. Rowling deve ter aberto uma garrafa de vinho barato e teve duas horas a mandar bílis para o Twitter” – Nuno Gonçalves.
Os comentários transfóbicos de J.K. Rowling estiveram em discussão em dois episódios do Podcast Dar Voz A esQrever 🎙🏳️🌈, oiçam:
No sábado passado, Rowling postou uma série de tweets nos quais argumentava que a discussão sobre identidade de género invalida o sexo biológico, confundido, mesmo após os reparos que lhe foram feitos, os conceitos de sexo e género. A autora foi imediatamente criticada por uma série de pessoas, incluindo ativistas e associações pelos direitos das pessoas LGBTI e, em particular, das trans, por negar as consequências vividas das experiências das pessoas trans. Fãs de Harry Potter também expressaram angústia por Rowling ter prejudicado, talvez irreparavelmente, o seu amor pelos sete livros da amada saga.
Radcliffe dirigiu-se assim diretamente a fãs:
A todas as pessoas que agora sentem que sua experiência com os livros foi manchada ou diminuída, lamento profundamente a dor que esses comentários causaram. Espero realmente que não percam totalmente o que era valioso nessas histórias para vocês. Se esses livros lhe ensinaram que o amor é a força mais forte do universo, capaz de superar qualquer coisa; se eles vos ensinaram que a força é encontrada na diversidade e que ideias dogmáticas levam à opressão de grupos vulneráveis; se acreditam que uma personagem em particular é trans, não-binário ou de género fluído, ou gay ou bissexual; se encontram alguma coisa nessas histórias que ressoou convosco e vos ajudou em qualquer momento da sua vida – isso está entre vocês e o livro que lêem e isso é sagrado. Na minha opinião ninguém pode tocar nisso. Significa para vocês o que para vocês significa e espero que esses comentários não o estraguem.
Radcliffe reconheceu que o seu depoimento pode ser encarado como uma simples avença contra J.K. Rowling, mas reafirmou que Rowling é” inquestionavelmente responsável “pelo curso da sua vida. Radcliffe sentiu, ainda assim, que tinha que falar.
“Como alguém que teve a honra de trabalhar e continua a contribuir com o Projeto Trevor na última década e como um ser humano“, escreveu, “sinto-me compelido a dizer algo neste momento.“
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