Gottmik, a drag queen que está a redefinir a transgressão de género

Gottmik, a drag queen que está a redefinir a transgressão de género

O fenómeno cultural queer RuPaul’s Drag Race está maior que nunca. Com franchises já estabelecidos nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Tailândia e Holanda agora prepara-se para abrir novas edições na Austrália e em Espanha. E com o sucesso vieram as críticas de que a representação do drag não estava a acontecer no programa, nomeadamente com a exclusão de pessoas trans em prol de uma quase exclusividade de homens cis gay e mulheres trans que, à excepção de Peppermint, nunca se assumiram durante o concurso.

A pedrada no charco chegou com a décima terceira temporada e Gottmik, uma drag queen e um homem trans. E se no início esta inclusão era por si só motivo de celebração, a realidade superou quaisquer expectativas. Gottmik, ou Kade fora de drag, está não só a delinear novas fronteiras para o drag a nível artístico como também na forma como encaramos o género. No último episódio da série, no qual foi escolhido o top 4 final da temporada – e no qual está incluída Gottmik, Kade disse no confessionário que enquanto homem trans não se identificava com o binarismo com que eram julgadas as pessoas trans “Ou somos Barbies ou Kens. Hiperfeminilidade ou hipermasculinidade. Eu não sou assim“. Coloca assim na linha da frente a forma como as pessoas trans são julgadas de acordo com a concordância com o binarismo normativo. E que não têm possibilidade concreta a nível social de se colocar dentro do largo espectro da identidade de género.

Apesar de se identificar como homem trans e gay não repele de todo o seu lado feminino e encontrou no drag uma forma de fazê-lo. E se de início trouxe das redes sociais e da sua carreira pré-Drag Race a sua (incrível) maquilhagem totalmente branca, como de um mimo em drag, foi-se apercebendo com o decorrer do concurso que ela era uma máscara e que não representava a sua personagem drag na totalidade. Foi explorando outras formas de se apresentar em drag, deixando cair uma série de preconceitos de género e do que uma pessoa trans tem ou deve ser, e, no processo, tornou-se na concorrente que mais evoluiu durante a temporada. O estilo e perfeição no look estiveram lá desde início mas foi-se desprendendo desse rótulo e singrando em desafios de interpretação e comédia, com o pináculo máximo de ter vencido o Snatch Game com a sua imitação impagável de Paris Hilton.

Estamos quase a escolher uma vencedora para a 13ª temporada de RuPaul’s Drag Race e, apesar da concorrência ser forte, que me desculpe a Symone mas – pela transgressão, genuinidade e evolução – eu sou #TeamGottmik até ao fim.

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O DUCENTÉSIMO QUINQUAGÉSIMO PRIMEIRO EPISÓDIO do Podcast Dar Voz A esQrever 🎙️🏳️‍🌈 é apresentado por nós, Pedro Carreira e Nuno Miguel Gonçalves.Neste episódio de Dar Voz A esQrever, olhamos para a contestação inédita no Festival da Canção 2026, com a maioria das pessoas concorrentes a rejeitar a participação na Eurovisão e a criticar diretamente a posição da RTP face à permanência de Israel no concurso. Seguimos até Budapeste, onde o presidente da câmara, Gergely Karácsony, arrisca uma acusação criminal por ter permitido a Marcha do Orgulho LGBTQ+, num caso que expõe o conflito entre o poder central autoritário e a autonomia municipal. No segmento Dar Voz A…, destacamos o documentário Come See Me in the Good Light, um retrato íntimo de amor, criação e mortalidade com a pessoa não-binária e poetisa Andrea Gibson como protagonista, bem como com a sua esposa Megan Falley.Artigos Mencionados no Episódio:Festival da Canção 2026: maioria de concorrentes rejeita Eurovisão e critica posição da RTPEspanha, Irlanda, Países Baixos e Eslovénia saem da Eurovisão. Portugal mantém-se num festival cada vez mais divididoGergely Karácsony, Presidente da Câmara de Budapeste, arrisca acusação criminal por permitir a Marcha do Orgulho LGBTQO Podcast Dar Voz A esQrever 🎙🏳️‍🌈 está disponível nas seguintes plataformas:👉 ⁠⁠Spotify⁠⁠ 👉 ⁠⁠Apple Podcasts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Youtube Podcasts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Pocket Casts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Anchor⁠⁠ 👉 ⁠⁠RadioPublic⁠⁠ 👉 ⁠⁠Overcast⁠⁠ 👉 ⁠⁠Breaker⁠⁠ 👉 ⁠⁠Podcast Addict⁠⁠ 👉 ⁠⁠PodBean⁠⁠ 👉 ⁠⁠Castbox⁠⁠ 👉 ⁠⁠Deezer⁠⁠Se nos quiserem pagar um café, ⁠⁠⁠⁠⁠aceitamos doações aqui⁠⁠⁠⁠⁠ ❤️🦄Jingle por Hélder Baptista 🎧Para participarem e enviar perguntas que queiram ver respondidas no podcast contactem-nos via Bluesky ( ⁠⁠@esqrever.com⁠⁠ ) e Instagram ( ⁠⁠@esqrever⁠⁠ ) ou para o e-mail ⁠⁠geral@esqrever.com⁠⁠. E nudes já agora, prometemos responder a essas com prioridade máxima. Até já, unicórnios 🦄#LGBT #LGBTQ #FestivalDaCanção #Eurovisão #BudapestPride #ComeSeeMeintheGoodLight
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  2. Ep.250 – Educação Inclusiva, Eurovisão em ruptura & "Oh, Mary!"
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Respostas de 2 a “Gottmik, a drag queen que está a redefinir a transgressão de género”

  1. […] candidatura pelo PSD à Câmara Municipal da Amadora. Depois falamos de algo bom, a visibilidade de Gottmik e da sua identidade trans não binária – de RuPaul’s Drag Race para o Mundo. Falamos […]

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  2. […] o assunto é representatividade, a protagonista da 13ª temporada de RuPaul’s Drag Race é Gottmik. Primeiro homem trans a […]

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