Com Jogos Olímpicos de Tóquio à porta, Japão recusa passar lei que protege pessoas LGBTI

Grupos de ativistas em todo o mundo estão a pressionar cada vez mais o Japão para a aprovação da Lei pela Igualdade, quando a Carta Olímpica denuncia especificamente a discriminação com base na orientação sexual e identidade de género. O Japão estará assim a falhar a promessa de aprovar o projeto de lei que protege a população LGBTI da discriminação antes de receber as Olimpíadas em julho.

O partido no poder do Japão foi assim acusado de violar a Carta Olímpica numa altura em que vieram a público reuniões marcadas por comentários homofóbicos de deputados conservadores. Reuniões realizadas este mês para discutir o projeto de lei, proposto por partidos da oposição, em que se pretende que a discriminação contra pessoas LGBTI não seja tolerada, terminaram sem acordo depois que alguns deputados do Partido Liberal Democrata (PLD) terem dito que os direitos das minorias sexuais “foram longe demais”. Uma decisão sobre a proposta rival do PLD que pede ao governo para “promover a compreensão” das pessoas LGBTI foi também adiada.

Este fracasso foi apelidado de “medalha de ouro pela homofobia” por grupos de defesa dos direitos humanos, a dois meses de Tóquio receber os atrasados Jogos Olímpicos de 2020, adiados por um ano devido à pandemia da COVID19.

Um legislador terá descrito as pessoas LGBTI como “moralmente inaceitáveis”, enquanto outro deputado, Kazuo Yana, terá dito que as minorias sexuais iam “contra a preservação natural da espécie”.

Eriko Yamatani, ex-ministro do gabinete, terá igualmente dito após uma reunião que os direitos das pessoas trans noutros países permitiram que pessoas “ganhassem muitas medalhas” e usassem outras casas de banho.

A Human Rights Watch reagiu e afirmou que “o insulto contra pessoas LGBTI por parte de oficiais japoneses não é novidade“, mas considera que “as forças políticas nipónicas estão cada vez mais alheadas da opinião pública japonesa e o lugar do governo no cenário mundial”, pedindo aos partidos que aprovem a Lei para a Igualdade antes da abertura dos Jogos de Tóquio a 23 de julho.

Laurel Hubbard, uma atleta lançadora do peso da Nova Zelândia, está prestes a fazer história neste verão quando se tornar na primeira atleta trans a competir numa Olimpíada.

A Pride House Tokyo e a EUA Athlete Ally afirmaram em comunicado que os alegados “comentários violam o espírito dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.” O diretor da Pride House Tokyo, Gon Matsunaka, questionou: “Como é que atletas podem realmente sentir-se em segurança a competir num país onde um membro do partido no poder faz observações tão discriminatórias?

O Japão persiste como a única nação do G7 a não reconhecer totalmente as uniões entre pessoas do mesmo género, mas uma recente decisão judicial trouxe novas esperanças para uma mudança na lei depois que concluir que não permitir que casais homossexuais se casassem era inconstitucional.

Embora a decisão tenha sido celebrada, não significa que os casamentos possam começar a ser realizados imediatamente, dado que falta ainda aprovar a lei que legalize formalmente a igualdade matrimonial no país.

A homossexualidade é legal desde 1880 no Japão. Recentemente, um distrito tornou ilegal alguém forçar o outing de uma pessoa LGBTQ, mas, apesar das pessoas LGBTI japonesas não enfrentarem “estigma religioso generalizado”, casais homossexuais ainda enfrentam discriminação na sua vida quotidiana, como acesso a habitação e privilégios de visita nos hospitais.

Em outubro, a Pride House Tokio abriu o primeiro Centro LGBTQ permanente no Japão, perto da vila olímpica.


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O DUCENTÉSIMO QUINQUAGÉSIMO PRIMEIRO EPISÓDIO do Podcast Dar Voz A esQrever 🎙️🏳️‍🌈 é apresentado por nós, Pedro Carreira e Nuno Miguel Gonçalves.Neste episódio de Dar Voz A esQrever, olhamos para a contestação inédita no Festival da Canção 2026, com a maioria das pessoas concorrentes a rejeitar a participação na Eurovisão e a criticar diretamente a posição da RTP face à permanência de Israel no concurso. Seguimos até Budapeste, onde o presidente da câmara, Gergely Karácsony, arrisca uma acusação criminal por ter permitido a Marcha do Orgulho LGBTQ+, num caso que expõe o conflito entre o poder central autoritário e a autonomia municipal. No segmento Dar Voz A…, destacamos o documentário Come See Me in the Good Light, um retrato íntimo de amor, criação e mortalidade com a pessoa não-binária e poetisa Andrea Gibson como protagonista, bem como com a sua esposa Megan Falley.Artigos Mencionados no Episódio:Festival da Canção 2026: maioria de concorrentes rejeita Eurovisão e critica posição da RTPEspanha, Irlanda, Países Baixos e Eslovénia saem da Eurovisão. Portugal mantém-se num festival cada vez mais divididoGergely Karácsony, Presidente da Câmara de Budapeste, arrisca acusação criminal por permitir a Marcha do Orgulho LGBTQO Podcast Dar Voz A esQrever 🎙🏳️‍🌈 está disponível nas seguintes plataformas:👉 ⁠⁠Spotify⁠⁠ 👉 ⁠⁠Apple Podcasts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Youtube Podcasts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Pocket Casts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Anchor⁠⁠ 👉 ⁠⁠RadioPublic⁠⁠ 👉 ⁠⁠Overcast⁠⁠ 👉 ⁠⁠Breaker⁠⁠ 👉 ⁠⁠Podcast Addict⁠⁠ 👉 ⁠⁠PodBean⁠⁠ 👉 ⁠⁠Castbox⁠⁠ 👉 ⁠⁠Deezer⁠⁠Se nos quiserem pagar um café, ⁠⁠⁠⁠⁠aceitamos doações aqui⁠⁠⁠⁠⁠ ❤️🦄Jingle por Hélder Baptista 🎧Para participarem e enviar perguntas que queiram ver respondidas no podcast contactem-nos via Bluesky ( ⁠⁠@esqrever.com⁠⁠ ) e Instagram ( ⁠⁠@esqrever⁠⁠ ) ou para o e-mail ⁠⁠geral@esqrever.com⁠⁠. E nudes já agora, prometemos responder a essas com prioridade máxima. Até já, unicórnios 🦄#LGBT #LGBTQ #FestivalDaCanção #Eurovisão #BudapestPride #ComeSeeMeintheGoodLight
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Uma resposta a “Com Jogos Olímpicos de Tóquio à porta, Japão recusa passar lei que protege pessoas LGBTI”

  1. […] ficou evidente em 2021, quando o Japão, prestes a receber os Jogos Olímpicos de Tóquio, recusou-se a aprovar uma lei de proteção contra a discriminação de pessoas LGBTI+. A recusa surgiu apesar da pressão internacional e da violação da Carta Olímpica, que condena a […]

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