Esta é uma rubrica de apresentação dos membros do projeto SciDoArmário, que tem como objectivo principal a promoção e visibilidade das pessoas LGBTI nas áreas STEM (Sciences, Technology, Engineering & Mathematics). Conheçam a iniciativa no Facebook, Twitter e Instagram. O primeiro é o João Cardoso!
Olá a todxs! O meu nome é João Cardoso (pronomes ele/dele) e sou aluno de doutoramento em Comunicação de Ciência no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC). Os objetivos do meu projeto de investigação passam por desenvolver novas estratégias e ferramentas transmédia para promover a literacia em saúde, tanto em Portugal, como no Japão.
Quando era jovem, que ou pela minha aparência, maneira de ser ou relações interpessoais, sofri na pele imensa discriminação, assim como a utilização da palavra “gay” como uma palavra com conotação negativa. Testemunhei também, a minha vida toda, a utilização de linguagem homofóbica, tanto em seio familiar como escolar, sempre mascarada de “piadas”, tentando esconder a ignorância patente. Confesso que durante largos anos, fui convencido que ser homossexual não era uma bênção, mas sim algo que me prejudicaria. E assim, fechei-me num Armário, onde também me mascarei, e achava que tinha de ser alguém que não era: Um protótipo de homem “masculino”, que não podia mostrar emoções, nem fragilidades.
Demorei muito tempo a convencer-me de que podia ser eu mesmo, e que poderia ser feliz. Consegui sair do Armário. E foi neste momento, em que me apercebi que deveria lutar pelos meus direitos, e pelos de todos que toda vida sofreram, e continuam a sofrer discriminação, e que também sentem que tem de se mascarar. Decidi fazê-lo ao juntar-me ao SciDoArmário, e poder ajudar no lançamento e a contribuir na luta contra a discriminação e LGBTIfobia nos meios científico, académico e empresarial, utilizando tanto a minha experiência pessoal, como profissional, como combustíveis para contribuir para o sucesso desta missão.
E não é poder ser quem nós somos algo realmente libertador? Tive a oportunidade de poder sentir-me confortável com a minha identidade no meu local de trabalho, enquanto pessoa ligada à ciência, e sentir que o João continuava o mesmo, percecionado igualmente no meu meio científico. Mas infelizmente, também soube perceber que nos diferentes meios académicos não é bem assim. É preciso ajudar. E apercebi-me também que poderia ter um papel motriz numa missão tão importante como esta. De limpar quaisquer linhas que vão ao encontro da fobia para a comunidade LGBTQIA+, promovendo um discurso mais aceitador, e ao mesmo tempo, mais normalizado. Para que ninguém tenha que usar uma máscara, e para que não haja um armário que se tenha de sair.
João Cardoso
SciDoArmário
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