Jovens trans com acesso a bloqueadores de puberdade e terapia hormonal afirmativa de género possuem melhor saúde mental

Fotografia de Zackary Drucker para o projeto The Gender Spectrum Collection.

Pessoas trans que receberam bloqueadores da puberdade durante a sua adolescência têm um risco menor de pensamentos suicidas quando adultas do que aquelas que pretenderam aceder à medicação, mas não conseguiram acedê-la, afirma novo estudo publicado na revista Pediatrics.

Estes resultados alinham-se com a literatura passada, sugerindo que a supressão da puberdade para adolescentes trans que desejam esse tratamento está associada a desfechos favoráveis de saúde mental”, afirma o estudo.

A descoberta sugere que um aspecto importante — e politicamente controverso — dos cuidados de saúde de pessoas transgénero para menores poderia ajudar a reduzir o risco desproporcional de suicídio da comunidade trans.

Bloqueadores da puberdade” são um tipo de injeção ou implante reversível de medicação que pausa a puberdade. Esses medicamentos são prescritos para crianças que entram na puberdade precocemente e para jovens trans que com disforia de género. Sendo reversível, a puberdade natural é retomada quando a injeção é interrompida ou o implante removido.

O principal autor do estudo, Jack Turban, psiquiatra residente da Harvard Medical School, disse que as descobertas aumentam a “crescente base de evidências sugerindo que os cuidados médicos de afirmação de género para jovens trans estão associados a desfechos superiores de saúde mental na idade adulta”.

[Estes resultados] argumentam contra a ideia errada de que o cuidado de afirmação de género é inerentemente prejudicial e deve ser banido legislativamente”, disse Turban, referindo-se a vários projetos de lei norte-americanos recentemente introduzidos que procuram limitar os cuidados relacionados à transição para menores.

O estudo entrevistou 20.619 pessoas trans e descobriu que 90% das pessoas adultas trans que queriam, mas não conseguiam aceder a bloqueadores da puberdade tiveram pensamentos suicidas. Por outro lado, pessoas adultas trans que conseguiram efetivamente aceder aos bloqueadores de puberdade, o número baixou significativamente em 75%.

Menos de 3% das pessoas adultas trans que queriam a supressão da puberdade durante a adolescência realmente a receberam — mostrando como tem sido difícil, historicamente, aceder a esse tratamento específico para disforia de género.

O estudo também descobriu que uma minoria de pessoas adultas trans — 17% — diz que sempre quis bloqueadores da puberdade, sugerindo que nem sempre jovens trans procurarão esse tipo específico de tratamento.

Já em setembro passado um estudo mostrou uma ligação entre tentativas de suicídio e “terapia de conversão”. A (pseudo)terapia de conversão é uma violenta prática, medicamente desacreditada, que procura mudar a identidade de género ou a orientação sexual de uma pessoa.

Durante décadas, pessoal médico que trata crianças trans argumentou que uma transição de género afirmativa e solidária é a melhor maneira de ajudar as pessoas trans a prosperar e sobreviver. Norman Spack, endocrinologista pediátrico de Boston que em 1998 foi pioneiro no uso de bloqueadores da puberdade no tratamento da disforia de género, disse os tratamentos podem “salvar vidas”.


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Ep.251 – Festival da Canção e da Eurovisão em rutura, resistência em Budapeste & Come See Me In The Good Light Dar Voz a esQrever: Notícias, Cultura e Opinião LGBT 🎙🏳️‍🌈

O DUCENTÉSIMO QUINQUAGÉSIMO PRIMEIRO EPISÓDIO do Podcast Dar Voz A esQrever 🎙️🏳️‍🌈 é apresentado por nós, Pedro Carreira e Nuno Miguel Gonçalves.Neste episódio de Dar Voz A esQrever, olhamos para a contestação inédita no Festival da Canção 2026, com a maioria das pessoas concorrentes a rejeitar a participação na Eurovisão e a criticar diretamente a posição da RTP face à permanência de Israel no concurso. Seguimos até Budapeste, onde o presidente da câmara, Gergely Karácsony, arrisca uma acusação criminal por ter permitido a Marcha do Orgulho LGBTQ+, num caso que expõe o conflito entre o poder central autoritário e a autonomia municipal. No segmento Dar Voz A…, destacamos o documentário Come See Me in the Good Light, um retrato íntimo de amor, criação e mortalidade com a pessoa não-binária e poetisa Andrea Gibson como protagonista, bem como com a sua esposa Megan Falley.Artigos Mencionados no Episódio:Festival da Canção 2026: maioria de concorrentes rejeita Eurovisão e critica posição da RTPEspanha, Irlanda, Países Baixos e Eslovénia saem da Eurovisão. Portugal mantém-se num festival cada vez mais divididoGergely Karácsony, Presidente da Câmara de Budapeste, arrisca acusação criminal por permitir a Marcha do Orgulho LGBTQO Podcast Dar Voz A esQrever 🎙🏳️‍🌈 está disponível nas seguintes plataformas:👉 ⁠⁠Spotify⁠⁠ 👉 ⁠⁠Apple Podcasts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Youtube Podcasts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Pocket Casts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Anchor⁠⁠ 👉 ⁠⁠RadioPublic⁠⁠ 👉 ⁠⁠Overcast⁠⁠ 👉 ⁠⁠Breaker⁠⁠ 👉 ⁠⁠Podcast Addict⁠⁠ 👉 ⁠⁠PodBean⁠⁠ 👉 ⁠⁠Castbox⁠⁠ 👉 ⁠⁠Deezer⁠⁠Se nos quiserem pagar um café, ⁠⁠⁠⁠⁠aceitamos doações aqui⁠⁠⁠⁠⁠ ❤️🦄Jingle por Hélder Baptista 🎧Para participarem e enviar perguntas que queiram ver respondidas no podcast contactem-nos via Bluesky ( ⁠⁠@esqrever.com⁠⁠ ) e Instagram ( ⁠⁠@esqrever⁠⁠ ) ou para o e-mail ⁠⁠geral@esqrever.com⁠⁠. E nudes já agora, prometemos responder a essas com prioridade máxima. Até já, unicórnios 🦄#LGBT #LGBTQ #FestivalDaCanção #Eurovisão #BudapestPride #ComeSeeMeintheGoodLight
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Respostas de 3 a “Jovens trans com acesso a bloqueadores de puberdade e terapia hormonal afirmativa de género possuem melhor saúde mental”

  1. Nunca esquecer da parte física. A má formação da coluna, com acentuada escoliose, na adolescência, é de maior incidência nas pessoas que tem sexo biológico feminino! E sabemos a importância da coluna na locomoção e parte motora! Se for bloqueada a adolescência, futuras mulheres trans poderão vir a desenvolver um problema (sério) ortopédico por toda vida!

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  2. […] Gonçalves. Exaustos de uma escapadela de fim-de-semana começamos por falar dos benefícios dos bloqueadores de puberdade para a saúde mental de pessoas trans e da perseguição de pessoas LGBTI na Ucrânia. Discutimos […]

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  3. […] reforçar que as principais associações médicas mundiais, incluindo a American Medical Association e a World Health Organization, reconhecem os cuidados afirmativos como baseados em evidências e […]

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