A Federação Internacional de Xadrez (FIDE) diz que irá proibir temporariamente mulheres trans de competir nos seus eventos femininos durante dois anos.
Diversos órgãos desportivos têm trabalhado em políticas para atletas trans, mas o xadrez não envolve níveis comparáveis de atividade física. No entanto, a FIDE pretende analisar o impacto dessas políticas e não quer apressar o processo.
“A legislação trans está a desenvolver-se rapidamente em muitos países e muitos órgãos desportivos estão a adotar as suas próprias políticas“, disse. “A FIDE monitorará esses desenvolvimentos e verá como poderá aplicá-los ao mundo do xadrez. Dois anos é um impedimento que parece razoável para as análises completas de tais desenvolvimentos.” Acrescentou que as jogadoras trans ainda poderão competir na seção aberta dos seus torneios.
Yosha Iglesias, uma jogadora profissional trans com o grau de mestre de xadrez pela FIDE, disse que a política levaria a “danos desnecessários” para jogadoras trans e mulheres. “Esta situação terrível levará à depressão e tentativas de suicídio“, disse Iglesias. Já Jennifer Shahade, Grã-Mestre e duas vezes Campeã Feminina dos EUA, também criticou a decisão da FIDE, uma política que considera “ridícula e perigosa“. “É óbvio que não consultaram nenhuma jogadora trans“, disse enquanto pede à FIDE que reverta a decisão e comece do zero com melhor consultoria.
Cérebros de mulheres vs cérebros de homens?
A deputada britânica Angela Eagle, vencedora de campeonato de xadrez para menores de 18 anos em 1976, disse: “Não há vantagem física no xadrez, a menos que acreditemos que os homens são inerentemente mais capazes de jogar do que as mulheres – passei a minha carreira no xadrez sendo informada de que os cérebros das mulheres eram menores do que os dos homens e que nem deveríamos jogar.”
“Essa proibição é ridícula e ofensiva para as mulheres“, acrescentou.
A decisão da FIDE implica também que homens trans que ganharam títulos de mulheres antes da sua transição verão os seus títulos retirados.