
Um estudo abrangente, publicado na Nature Human Behavior, estabelece uma ligação direta e causal entre leis anti-trans e o aumento nas tentativas de suicídio entre pessoas jovens trans e não-binárias. Os resultados mostram que, após a implementação dessas leis, as tentativas de suicídio aumentaram em até 72% em jovens entre os 13 e 17 anos nos Estados Unidos.
O estudo analisou dados de múltiplos estados, monitorizando tentativas de suicídio autorreportadas ao longo de vários anos. Após a introdução de leis anti-trans nos estados, a investigação notou um aumento alarmante nas tentativas de suicídio entre pessoas jovens trans e não-binárias (TGNB), com aumentos de até 44% na faixa etária entre os 13 e 24 anos.
Essas leis incluem proibições de acesso a casas de banho, restrições severas aos cuidados de saúde afirmativos de género, e até legislação que força o desrespeito pelos pronomes preferidos. A pesquisa revela que a legislação anti-trans tem um impacto crescente ao longo do tempo, não apenas devido à visibilidade das leis, mas às suas consequências concretas na vida diária das pessoas trans.
Além disso, o estudo destaca que o aumento das tentativas de suicídio é mais elevado entre pessoas jovens trans racializadas e entre as mais novas. Mesmo aquelas que já tinham um histórico de tentativas de suicídio mostraram aumentos significativos após a entrada em vigor dessas leis, com um crescimento de até 49%.
Leis anti-trans e o impacto na Saúde Mental da Juventude trans e não binária
Os resultados deste estudo são devastadores e confirmam o que muitas organizações LGBTQ+ e investigação já suspeitavam. Segundo Ronita Nath, vice-presidente de pesquisa do The Trevor Project e coautora do estudo, “esta investigação oferece evidências robustas e indiscutíveis de que a recente vaga de leis anti-trans nos EUA está a pôr em risco as vidas de jovens em todo o país”. Nath sublinha ainda que esta é a primeira vez que se confirma cientificamente uma relação causal entre a implementação dessas leis e o aumento das tentativas de suicídio em pessoas jovens trans e não-binárias.
A pesquisa foi rigorosa, abrangendo uma amostra de mais de 61 mil jovens TGNB, com recrutamento através de redes sociais, ao longo de cinco anos. A análise revela que os efeitos prejudiciais dessas leis não são limitados ao impacto psicológico inicial, mas intensificam-se à medida que os jovens enfrentam dificuldades diárias impostas pela legislação discriminatória.
Implicações políticas
As descobertas deste estudo chegam num momento crítico nos EUA, com as leis anti-trans a tornarem-se um tema central nas eleições presidenciais de 2024. Muitos estados conservadores estão a promover estas leis como parte de um pacote de políticas extremas que podem ser implementadas a nível federal se Donald Trump vencer as eleições.
Este estudo reafirma a necessidade urgente de repensar a legislação que afeta diretamente a comunidade trans e não-binária, particularmente jovens que já enfrentam desafios consideráveis à sua saúde mental e bem-estar. As evidências são bem visíveis: leis anti-trans não apenas desrespeitam os direitos humanos, como também colocam vidas em risco.
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