
A Marvel Studios tem enfrentado desafios desde “Avengers: Endgame”, que marcou o final da Fase 3. Embora a Fase 4 tenha tido sucessos de bilheteira, como “Spider-Man: No Way Home”, o terceiro filme mais rentável de sempre da Marvel, fãs têm sentido um certo cansaço e descontentamento com a direção atual dos estúdios.
Mesmo assim, algumas exceções brilharam na Fase 4, como “Moon Knight”, uma alegoria incrível sobre saúde mental com Oscar Isaac, e, especialmente, “WandaVision”. Nessa série, Wanda Maximoff, ou Scarlet Witch, lida com a perda do seu companheiro Vision. Wanda cria uma cidade fictícia onde ela e Vision vivem felizes em várias iterações de sitcoms televisivas, desde os anos 60 até à atualidade.
A série não só renovou o universo Marvel de forma inovadora, como também contou com uma produção artística brilhante e uma interpretação magistral de Elizabeth Olsen. Mas a grande surpresas foi a bruxa Agatha Harkness, interpretada por Kathryn Hahn, cuja popularidade a levou a ganhar a sua própria série na Fase 5, “Agatha All Along”.
A série apresenta uma química entre Kathryn Hahn e Aubrey Plaza tão enternecedora como trágica
A nova série, inspirada por filmes de mistério e sobrenatural dos anos 90, traz Agatha de volta após os eventos de “WandaVision”. Ainda presa no mundo fictício da série anterior numa recriação de “Mare of Easttown”, ela começa a encontrar a sua própria voz quando o feitiço que a prende é quebrado por um rapaz queer misterioso, conhecido apenas como Teen (Wiccan, anyone?).
Sem poderes, Agatha precisa de reunir um novo coventículo de bruxas para recuperar a sua força, viajando pela Witches’ Road, onde cada episódio apresenta um novo desafio, recuperando a magia de “WandaVision” com a sua mistura de géneros a cada episódio.
O verdadeiro destaque, no entanto, é o elenco. Kathryn Hahn mostra uma Agatha complexa, dividida entre a auto-imposta máscara de vilã e os seus demónios internos. Entre esses medos está Rio Vidal, interpretada por Aubrey Plaza. Ela é uma antiga amante de Agatha, cuja relação terminou em tragédia, transformando-as em inimigas forçadas. A química entre Hahn e Plaza tem tanto de enternecedora como de trágica, tornando a história de ambas ainda mais envolvente.
Agatha All Along é queer e sem rodeios
Agatha All Along também se destaca por ser um projeto liderado por uma personagem queer, com um elenco quase totalmente feminino, exceto por Teen, interpretado por Joe Locke, andrógino e gay. A Marvel, que pertence à Disney, tem sido criticada por manter as suas personagens LGBTI+ em segundo plano, mas aqui vemos uma representação sem reservas.
Apesar do apoio de fãs e da crítica, a série foi inevitavelmente alvo do movimento conservador homofóbico e racista. Este investiu em críticas negativas em massa no o RottenTomatoes, chamado de review-bombing. Como resultado, as plataformas viram-se obrigadas à suspensão temporária das avaliações públicas. Uma caça às bruxas… típico do patriarcado.

No entanto, tal como Agatha na série, este projeto não será parado tão facilmente. A comunidade queer abraçou Agatha All Along e celebra a sua representação finalmente assumida na Disney/Marvel. É um prazer ver artistas queer como Aubrey Plaza (que devora o cenário cada vez que aparece no ecrã) e Joe Locke darem vida a personagens tão ricas e cheias de contradições.
Termino este texto ao som de “The Ballad of the Witches’ Road”, um feitiço de rebelião feminina. Esta é uma canção que já superou o sucesso de “WandaVision” na Billboard e continua a subir com as suas várias versões e covers ao longo dos episódios. Como diz a letra: “Down the Witches’ Road follow me my friend to glory at the end”.

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