
Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, voltou a intensificar a retórica contra as pessoas trans durante um discurso num evento organizado pela Turning Point USA. Entre as declarações, destacou-se a promessa de estabelecer como política oficial do governo dos EUA a existência de apenas dois géneros: masculino e feminino. Além disso, prometeu assinar uma ordem executiva para “acabar com a mutilação sexual infantil“, uma expressão comumente utilizada pela direita anti-trans para descrever os cuidados de afirmação de género, ignorando os factos e contextos médicos.
Durante o seu primeiro mandato, Trump tentou banir pessoas transgénero do serviço militar, gerando várias ações judiciais e impedimentos federais às suas ordens. Agora, planeia uma nova ordem executiva para remover todas as pessoas trans das Forças Armadas, considerando-as “inaptas para servir“. Estima-se que cerca de 15 mil pessoas trans estejam atualmente em serviço ativo nos EUA, e, se implementada, a medida levaria a suas baixas médicas forçadas. Esta decisão não só representa uma discriminação flagrante, mas também um enfraquecimento do próprio poder militar do país.
Crianças trans sob ameaça de Trump
Outro ponto alarmante é a promessa de excluir “transgénero” das escolas, numa tentativa de limitar currículos escolares inclusivos. Várias legislações republicanas têm implementado medidas similares em diversos estados, muitas vezes sob justificativas infundadas de proteção às crianças. Trump também prometeu eliminar o Departamento de Educação, o que acabaria com uma importante fonte de financiamento federal para as escolas.
O uso do termo “mutilação sexual infantil” é especialmente preocupante, dado que a maioria dos cuidados de afirmação de género para menores não inclui intervenções cirúrgicas nos EUA. A utilização de tal linguagem é uma tática para inflamar opiniões contrárias aos direitos trans e legitimar ataques políticos baseados em desinformação.
Trump descreveu a população trans como “um pequeno número de pessoas” e afirmou que a luta pela igualdade trans “destruiu o país“. Estas declarações sublinham o seu compromisso em explorar questões culturais para dividir o eleitorado e reforçar a sua base conservadora.
O potencial de contágio destas medidas pelo mundo ocidental é real
As políticas e declarações de Trump têm implicações que ultrapassam as fronteiras dos Estados Unidos. Como uma das principais potências globais, os EUA muitas vezes influenciam políticas e discursos internacionais. A retórica anti-trans de Trump pode encorajar outros governos a seguir abordagens semelhantes. O seu potencial de contágio é real e poderá intensificar a discriminação e a erosão dos direitos humanos universais.
A comunidade internacional, bem como os movimentos de direitos humanos, deve estar atenta à ascensão desta retórica, combatendo a desinformação e promovendo uma visão inclusiva. As liberdades universais não são apenas direitos constitucionais; são pilares de sociedades democráticas e igualitárias.
O confronto de Trump contra os direitos das pessoas trans não é apenas um ataque a uma população específica, mas também uma ameaça às liberdades fundamentais. As suas promessas de implementar políticas discriminatórias desafiam os valores de inclusão e respeito à diversidade. Importa entender como estes são essenciais para a coesão social. Dado o seu potencial destruidor, enfrentar essa retórica com informação e solidariedade global é mais importante do que nunca.

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