
A recente decisão da administração de Donald Trump, sob a influência direta de Elon Musk, de desmantelar a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) ameaça milhões de vidas em todo o mundo, especialmente no combate ao VIH/SIDA. O congelamento da ajuda externa dos EUA já resultou na paralisação de programas essenciais, colocando em risco décadas de progresso na luta contra a epidemia.
Elon Musk, que lidera a revisão do governo federal através do chamado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), classificou a USAID como uma “organização criminosa” sem apresentar provas e anunciou publicamente o seu encerramento. O site da agência foi desativado e centenas de pessoas funcionárias foram dispensadas, deixando projetos essenciais suspensos.
Impacto na luta contra o VIH/SIDA na decisão de Trump e Musk
Entre os programas mais afetados está o Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da SIDA (PEPFAR), que, desde 2003, salvou mais de 26 milhões de vidas ao fornecer tratamentos antirretrovirais a pessoas seropositivas em 55 países. Em 2023, os EUA destinaram 16,1 mil milhões de dólares a iniciativas de saúde global, incluindo VIH/SIDA, malária, nutrição e tuberculose. O súbito bloqueio de fundos fez com que medicamentos essenciais, como antirretrovirais e profilaxia pré-exposição (PrEP), não chegassem a países dependentes desta assistência, como Moçambique, Nigéria e Zâmbia.
A decisão de Trump e Musk gerou forte indignação entre especialistas em saúde global. Organizações como o Conselho de Saúde Global e os Médicos Sem Fronteiras alertam para a interrupção de campanhas de prevenção e tratamento que podem levar a surtos descontrolados da doença. Clínicas apoiadas pela USAID foram encerradas sem aviso prévio, deixando populações vulneráveis sem acesso a cuidados básicos.
“Não temos um quarto ramo do governo chamado ‘Elon Musk’, e isso vai ficar muito claro”, disse o deputado Jamie Raskin esta semana junto à sede da USAID, onde protestou contra a aquisição da agência por Musk. Ele e outros elementos da organização foram impedidos de entrar no prédio.
“Esta interferência ilegal e inconstitucional com o poder do Congresso está a ameaçar vidas em todo o mundo”, disse Raskin.
Consequências globais e o futuro da ajuda internacional
Embora o secretário de Estado, Marco Rubio, tenha emitido uma derrogação humanitária para alguns programas, a falta de clareza nos critérios de exceção deixou organizações sem saber se podem continuar a operar. A incerteza prolongada promovida por Musk pode significar um retrocesso irreparável na luta contra o VIH/SIDA e outras doenças infecciosas.
“Estamos a falar de inúmeras pessoas refugiadas e outras deslocadas, crianças ameaçadas pela malária e pessoas que necessitam de tratamento para o VIH e a tuberculose, cujos cuidados correm o risco de ser interrompidos“, afirmou Avril Benoît, diretora-executiva da filial dos EUA dos Médicos Sem Fronteiras.
Com este ataque sem precedentes à assistência internacional, Trump e Musk colocam milhões de vidas em risco, comprometendo a liderança histórica dos EUA na resposta a crises sanitárias globais. A comunidade internacional já se mobiliza para encontrar soluções alternativas, mas a ausência dos EUA na linha da frente da saúde pública terá consequências devastadoras para os países mais vulneráveis.

Deixa uma resposta