
Mais de 10 mil pessoas vestiram-se a cinzento para protestar contra a tentativa do governo húngaro de proibir a Marcha do Orgulho LGBTQ+ no centro de Budapeste.
O protesto teve lugar no passado sábado, 12 de abril, e transformou as ruas da capital num “Orgulho Cinzento” – uma paródia política com um alerta real. Organizado pelo partido satírico Two-tailed Dog Party (MKKP), o protesto surgiu como resposta a uma nova proposta de lei que quer proibir a Marcha do Orgulho, sob o pretexto de “proteção das crianças”.
Entre bandeiras arco-íris descoloridas e cartazes irónicos com frases como “A semelhança está na moda” e “Censura”, manifestantes apontaram críticas diretas ao governo de Viktor Orbán, que tem vindo a limitar os direitos das pessoas LGBTQ+ na Hungria.
“Eu tiraria o direito à reunião às pessoas LGBTQ+, porque são todas criminosas“, disse satiricamente Samuel Tar, que se juntou à manifestação com um grupo de pessoas todas vestidas de cinzento. “Elas gostariam de se expressar, o que é muito prejudicial. Só eu deveria ter permissão para me expressar, ninguém mais,” rematou.
Manifestação irónica põe a descoberto injustiça na proibição da Marcha do Orgulho LGBTQ+
“Olhem bem para todas estas pessoas vestidas de cinzento – é isto que a uniformização parece”, afirmou Kata Bicskei, uma das participantes. “E é precisamente o oposto do que queremos.”
Esta ação simbólica acontece dias antes do parlamento votar uma emenda constitucional que poderá dar suporte legal à proibição da marcha. Caso aprovada, quem organizar ou participar poderá receber multas e sofrer identificação através de tecnologias de reconhecimento facial.
Marcha do Budapeste Pride vai acontecer, garante organização
Apesar disso, a organização da Budapest Pride garante que a marcha vai acontecer a 28 de junho. Para a porta-voz Zita Hrubi, “é mais importante do que nunca” manter a visibilidade da comunidade e resistir ao retrocesso de direitos: “Houve Orgulho, há Orgulho e haverá Orgulho”.
Já o governo de Orbán insiste em restringir o evento ao justificar a medida com uma suposta proteção de crianças. Declarações como as do chefe de gabinete Gergely Gulyás, que sugeriu que o evento decorresse num “espaço fechado”, foram recebidas com revolta por organizações de direitos humanos.
Neela Ghoshal, da Outright International, criticou duramente a proposta: “Forçar o evento a acontecer num espaço fechado ridiculariza o próprio conceito de orgulho LGBTQ+”.
O uso do humor e da ironia como ferramenta de protesto reforça que, mesmo sob ameaça, a luta pelo orgulho e pelos direitos humanos não se apaga – apenas muda de tom para resistir sob a ameaça da censura!

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