
O ciclo Queer Terceira chega às ilhas com cinema, debate e reflexão queer. Organizado pelo Queer Lisboa, decorre entre 16 de maio e 15 de junho na Ilha Terceira, com sessões em Angra do Heroísmo e na Praia da Vitória. A entrada é gratuita.
Dividido em três momentos e espaços culturais — Auditório do Ramo Grande, Centro Cultural e de Congressos, Recreio dos Artistas e Lar Doce Livro — o evento integra 14 filmes portugueses e brasileiros, debates e o lançamento de livros, num programa que cruza juventude, saúde e ativismo LGBTQ+.
O ciclo insere-se num projeto de descentralização do Queer Lisboa, com curadoria de João Pedro Costa, e é financiado pela União Europeia e pela Startup Europe Regions Network, no âmbito do Youth 4 Outermost Regions. O Queer Terceira culmina nas celebrações do Azores Pride.
Identidade, juventude e pertença
O primeiro momento (16 a 18 de maio) foca-se na juventude, religião e família. Os filmes exploram a descoberta da identidade em ambientes marcados por conflito e transformação:
- Lobo e Cão, de Cláudia Varejão, filmado nos Açores, reflete sobre crescer na periferia e a busca de comunidade;
- Pedágio, de Carolina Markowicz, aborda temas como a religião e as terapias de conversão;
- Intransitivo, documentário coletivo, dá voz a múltiplas experiências trans e questiona pertenças.
Saúde e corpos queer
De 30 de maio a 1 de junho, o foco recai sobre a saúde sexual e mental. Em destaque:
- E Agora? Lembra-me, de Joaquim Pinto, um marco autobiográfico sobre VIH e memória queer;
- A Metade de Nós, de Flávio Botelho, ficção brasileira sobre saúde mental, seguida de um debate com especialistas em psiquiatria e VIH, moderado por Constança Carvalho Homem.
Inclui ainda a exibição especial de O Carnaval é um Palco, a Ilha uma Festa, de Rui Mourão, sobre as Danças de Carnaval da Terceira e a performance de género.
Vozes queer e ativismo
O ciclo termina entre 13 e 15 de junho com um programa dedicado ao ativismo e às vozes queer.
- O documentário As Fado Bicha, de Justine Lemahieu, mergulha num dos projetos mais irreverentes do panorama queer nacional.
- Um conjunto de curtas — de Paula Tomás Marques, Ary Zara, Sérgio Galvão Roxo, entre outras pessoas realizadoras — mostra o dinamismo e diversidade do cinema queer feito em Portugal.
- O ciclo fecha com um debate literário sobre cultura queer com Jó Bernardo, António Fernando Cascais e Isabel Rodrigues, na Lar Doce Livro.
O Queer Terceira afirma-se como espaço essencial de acesso e descentralização da cultura queer e de construção comunitária em territórios insulares. É também uma celebração da resistência e da pluralidade LGBTQ+, onde o cinema se torna espelho e megafone das nossas vivências.
A programação completa pode ser conferida no site do Queer Lisboa.

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