
A 1 de junho de 2025, a Associação de Futebol Inglesa (FA) implementou uma nova política de participação de pessoas trans no futebol. Entre as mudanças, destaca-se a proibição de mulheres e raparigas trans nas competições femininas.
Esta decisão segue o controverso acórdão do Supremo Tribunal do Reino Unido que, em abril, definiu “mulher” com base exclusiva no sexo biológico, com implicações graves para os direitos das pessoas trans no país.
Contudo, uma nova atualização veio agora reforçar essa exclusão: os homens trans que queiram competir nas ligas masculinas terão de assinar uma declaração discriminatória.
Uma cláusula que exclui
Segundo as regras atualizadas, os homens trans devem declarar: “Sou uma mulher biológica cuja identidade de género é masculina ou não-binária” e ainda aceitar que: “Há diferenças fisiológicas e de desempenho entre mulheres biológicas adultas e homens biológicos adultos, e que isso representa um risco acrescido de lesões ao competir.”
Além disso, é exigido um certificado de isenção terapêutica e a manutenção de níveis de testosterona dentro dos valores médios masculinos (7,7 a 29,4 nmol/L).
“Uma proibição disfarçada”
Atletas trans e ativistas reagiram com indignação. Arthur Webber, capitão da primeira equipa formada só por homens trans a jogar contra uma equipa cis masculina em 2023, escreveu que esta nova regra é “transfóbica até ao seu núcleo”.
“Falei com vários homens trans e pessoas transmasculinas que jogam com homens cis. Todas disseram que discordam da forma como a declaração foi escrita”, afirmou.
“A FA devia mudar o seu lema de ‘Para Todes’ para ‘Para Pessoas Cis’.”
Webber também denunciou a falta de consulta à comunidade transmasculina, e apontou que a linguagem adotada contribui para a marginalização e exclusão sistemática de jogadores trans.
Um contexto hostil
O Reino Unido tem assistido a um crescendo de políticas hostis às pessoas trans, com impacto direto no desporto, na saúde e nos direitos civis. O argumento da FA de que esta medida não é “ideológica”, mas sim uma resposta ao tribunal, soa vazio perante a exclusão ativa de pessoas trans.
Ao mesmo tempo, clubes de base e adeptos têm protestado contra estas medidas. Há quem defenda a criação de ligas mistas, prevista para 2026-2027, mas resta saber se serão uma forma real de inclusão ou apenas um espaço segregado e desigual.
Estas medidas da FA representam mais um ataque institucional aos direitos das pessoas trans sob o pretexto da segurança ou da justiça desportiva. A exigência de declarações desumanizantes é sintoma de uma política que exclui, em vez de integrar.
Num desporto que se quer “para todas as pessoas”, é essencial resistir às narrativas de medo e reafirmar que a inclusão não é um risco — é um direito.
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