
O LinkedIn atualizou silenciosamente a sua política de conteúdos de ódio e removeu a referência explícita à proibição de deadnaming (nome morto) e misgendering de pessoas trans. A alteração foi detetada pela organização Open Terms Archive, que monitoriza mudanças nas condições de utilização de plataformas digitais.
Na sua versão anterior, a política de “conteúdos odiosos e depreciativos” da empresa pertencente à Microsoft, incluía a seguinte linha: “misgendering ou deadnaming de pessoas transgénero”, considerando estas práticas como exemplos de discurso de ódio. Esta menção desapareceu na atualização mais recente, embora a rede social mantenha uma referência mais geral à “identidade de género” como característica protegida.
Porta-voz do LinkedIn afirmou que a política de assédio da empresa continua a proibir ataques pessoais ou intimidações com base na identidade das pessoas — incluindo o misgendering. No entanto, a empresa não justificou a remoção da linguagem mais específica. A GLAAD, organização de defesa dos direitos LGBTQ+, reagiu assim com preocupação às alterações:
“A decisão silenciosa do LinkedIn em eliminar proteções eficazes contra discurso de ódio dirigido a pessoas trans e não-binárias é um gesto anti-LGBTQ+ claro — e deve preocupar todas as pessoas. Após a Meta e o YouTube no início deste ano, outra empresa de media social está a optar por adotar práticas comerciais covardes para tentar apaziguar ideologias políticas anti-LGBTQ em detrimento da segurança das pessoas.”
LinkedIn segue caminho da Meta, Youtube ou X
Esta atualização no LinkedIn surge após medidas semelhantes por parte de outras grandes plataformas tecnológicas. No início do ano, a Meta (dona do Facebook, Instagram e Whatsapp) alterou as suas regras para permitir que se afirme que pessoas LGBTQ+ têm doenças mentais — linguagem estigmatizante e perigosa. A empresa também recusou eliminar um termo usado para desumanizar pessoas queer, apesar da recomendação do seu próprio conselho de supervisão.
Já o YouTube retirou discretamente a menção à “identidade de género” da sua política de discurso de ódio, alegando que foi apenas uma “edição de texto”.
Também o X, de Elon Musk, se tornou nos últimos anos num espaço que legitima o ataque a minorias, nomeadamente a LGBTQ+.
Plataformas digitais desresponsabilizam-se do discurso de ódio que albergam
Estas decisões inserem-se numa tendência preocupante: a desresponsabilização das plataformas digitais na proteção das pessoas LGBTQ+, particularmente das pessoas trans e não-binárias. São escolhas que, como alertam organizações de direitos humanos, surgem num contexto de crescente pressão política anti-LGBTQ+ e de tentativas de apaziguamento de sectores conservadores às custas da segurança de comunidades vulneráveis.
Enquanto estas plataformas continuam a capitalizar o discurso de diversidade e inclusão para fins comerciais, a retirada silenciosa de proteções concretas revela uma contradição grave: por detrás da fachada inclusiva, cresce o espaço para o discurso de ódio. E isso coloca em risco a integridade e o bem-estar das pessoas que mais precisam de proteção online.
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