BOOTS: a série queer da Netflix que está a irritar o Pentágono e a conquistar o público

A Netflix estreou BOOTS, a nova série queer inspirada no livro The Pink Marine, de Greg Cope White — e o impacto não tardou. A produção transporta-nos para a década de 1990 e acompanha Cameron Cope (Miles Heizer), um jovem gay no armário que se alista na marinha estadunidense (Marines), e o seu melhor amigo Ray McAffey (Liam Oh). Juntos, enfrentam o rigor de um campo de treino militar e descobrem quem são num ambiente que tenta moldá-los à força.

Com humor ácido e uma enorme dose de empatia, BOOTS mistura drama e comédia para falar de amizade, identidade e sobrevivência num espaço onde a diferença era proibida. A série conta ainda com Vera Farmiga, Kieron Moore e Max Parker, num elenco onde se destaca a forte presença de pessoas queer.

A crítica tem sido unânime: BOOTS é sensível, afiada e profundamente humana. Desde a estreia, soma elogios pela escrita e pelas interpretações, tornando-se rapidamente um sucesso de público. Tanto Miles Heizer como o criador Greg Cope White foram reconhecidos na lista Out100 da revista Out, celebrando o impacto cultural da série.

Pentágano classificou BOOTS como “lixo woke”

Mas nem todas as reações foram positivas. O Pentágono condenou publicamente a produção, classificando-a como “lixo woke” e rejeitando qualquer associação à história. A declaração veio do porta-voz Kingsley Wilson, que acusou a Netflix de “alimentar uma agenda ideológica” e elogiou a “restauração da ética guerreira” sob a liderança do atual secretário da Defesa, Pete Hegseth — conhecido por políticas que visam apagar a presença de pessoas LGBTQ+ nas forças armadas.

A ironia não passou despercebida ao público: uma série que homenageia a coragem de quem ousou existir dentro de um sistema hostil volta, trinta anos depois, a provocar a mesma resistência.

Com BOOTS, Greg Cope White recupera a sua própria história de sobrevivência e pertença. Mais do que um retrato de uma época, a série mostra como o orgulho pode florescer mesmo nos espaços mais improváveis — e como a visibilidade queer continua a ser, ainda hoje e passados 30 anos, um ato de resistência.

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